A primeira sessão do recém-eleito Parlamento regional do estado da Turíngia, no leste da Alemanha, teve que ser interrompida nesta quinta-feira (26/09), devendo ser retomada no sábado após confusão envolvendo a legenda de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD) e os outros partidos da câmara regional.
Foi a primeira reunião parlamentar após as eleições de 1º de setembro, em que a AfD obteve ganhos históricos, conquistando mais de um terço dos assentos e terminando em um claro primeiro lugar.
Por ter sido a legenda com mais votos nas eleições, a AfD tinha o direito de apresentar um candidato à presidência do Parlamento regional da Turíngia.
No entanto, os outros partidos anunciaram que não votariam em nenhum candidato da sigla, endossando assim o cordão sanitário em torno do grupo.
Os conservadores da União Democrata Cristã (CDU) e os populistas da Aliança Sahra Wagenknecht (BSW) queriam apresentar uma proposta de alteração das regras de procedimento para permitir que os outros partidos apresentassem candidatos em uma primeira votação.
De acordo com as atuais regras de procedimento, eles teriam que esperar até que o candidato da AfD não obtivesse a maioria nas duas primeiras votações.
Jürgen Treutler, membro da AfD, foi indicado para presidir a sessão devido à sua idade e impediu que a proposta fosse colocada em votação.
Treutler argumentou que as regras de procedimento do Parlamento só poderiam ser alteradas após a eleição de um presidente.
Sessão foi interropida seis vezes
A disputa fez com que a sessão fosse interrompida até seis vezes e, no final, o gerente parlamentar da bancada da CDU, Andreas Bühl, anunciou que levaria o caso ao Tribunal Constitucional da Turíngia, alegando que Treutler havia violado os direitos dos deputados com seu comportamento.
Durante a sessão, houve discussões acaloradas entre Treutler e Bühl, que chegou a acusar o deputado da AfD de perpetrar uma "machtergreifung", expressão frequentemente usada para definir a tomada do poder pelos nazistas em 1933.
A AfD obteve 32,8% dos votos nas eleições de 1º de setembro, o que lhe deu 32 das 88 cadeiras, e apresentou como candidata a presidente do parlamento Wiebke Muhsal, que foi condenada a pagar uma multa em um caso de fraude na última legislatura.
A CDU, com 23 cadeiras, é o segundo maior partido no Parlamento da Turíngia e pretende apresentar Thadäus König, um parlamentar que tem o apoio de outros partidos além do AfD.
A Turíngia é o primeiro estado federal alemão em que o AfD se tornou a principal força parlamentar.
A CDU quer eleger seu líder regional Mario Voigt como governador. Para isso, está considerando a formação de uma coalizão tripartite incluindo o BSW e o Partido Social-Democrata (SPD).
Essa aliança, no entanto, teria apenas 44 assentos, o que também exigiria o apoio dos socialistas do A Esquerda.
md (EFE, DPA)