A secretária de Estado da França, Marlène Schiappa, despertou reações negativas de aliados e opositores ao posar para a edição de abril da Playboy. A política aparece vestida na capa da revista que será lançada nesta quinta-feira (6).
Além das fotografias, Schiappa também deu uma entrevista sobre direitos - das mulheres, LGBTQIA+ e ao aborto - para a publicação. No Twitter, a secretária de Estado defendeu seu direito de posar para a revista. Veja o post acima.
A defesa do direito da mulher de dispor de seu corpo está em todo lugar e o tempo todo. Na França, as mulheres são livres. Com todo respeito aos retrógrados e hipócritas, escreveu.
A primeira-ministra do país, Elisabeth Borne, disse que a decisão "não foi nem um pouco apropriada, especialmente no momento atual", de acordo com a imprensa local.
Nas últimas semanas, a França tem vivido uma série de protestos, com confrontos entre a polícia e os manifestantes.
O motivo das manifestações é insatisfação com a reforma da previdência, decretada pelo presidente Emmanuel Macron. A nova lei aumenta a idade para a aposentadoria, de 62 para 64 anos.
Também ativista pelos direitos das mulheres, a deputada Sandrine Rousseau questionou o momento em que Schiappa escolheu fazer isso. "Os corpos das mulheres devem poder ser expostos em quaisquer lugares, eu não tenho problemas com isso. Mas existe um contexto social", disse em entrevista ao canal francês BFM TV.
Trajetória de Marlène Schiappa
Nascida em 18 de novembro de 1982, Schiappa é formada em Comunicação na Universidade de Grenoble. Em 2008, ela começou um blog sobre mães que trabalhavam e, com o sucesso, criou uma rede de apoio entre mulheres com o mesmo perfil para propor mudanças na política.
Depois do nascimento de sua primeira filha, ela começou a escrever livros sobre maternidade e feminismo. A trajetória na política se iniciou em 2014, quando se tornou Secretária de Equidade de Gênero no município de Le Mans.
Em 2015, ela conheceu Emmanuel Macron, então Ministro da Economia. Semanas mais tarde, Schiappa foi convidada para participar numa conferência sobre equidade de gênero.
Em 2017, a política chegou ao cargo de Secretária de Estado pela Equidade de Gênero. Na cadeira, trabalhou na proposição de lei que criminalizava o assédio sofrido nas ruas, como cantadas. De 2020 a 2022, foi Ministra da Cidadania, pasta dentro do Ministério do Interior.
Não é a primeira vez que Schiappa se envolve em uma polêmica. Em 2010, ela publicou um livro que dava dicas sobre sexo para pessoas com sobrepeso. Críticos apontaram que a publicação reforçava clichês preconceituosos.