Tiroteio verbal e pública complica relação entre Biden e Netanyahu

Por Moises Rabinovici

O tiroteio verbal e público entre o presidente Biden e o primeiro-ministro Netanyahu está escalando. Um relatório dos Serviços Secretos Nacionais dos Estados Unidos atesta que “a viabilidade de Netanyahu como líder, bem como a sua coligação governamental de partidos de extrema-direita e ultra ortodoxos, que seguiram políticas de linha dura em questões palestinas e de segurança, podem estar em perigo”. 

A previsão é sombria: “Esperam-se grandes protestos exigindo a demissão de Netanyahu e a realização de novas eleições nas próximas semanas e meses”.

A reação israelense não demorou. Chegou à manchete de todos os jornais online de terça-feira. Atribuída a um top membro do governo Netanyahu, o presidente Biden é acusado de “ingerência na política interna de Israel”. Mas não só. “Aqueles que elegem o Primeiro-Ministro de Israel são os cidadãos de Israel e mais ninguém. Israel não é um Estado vassalo dos EUA, mas um país independente e democrático cujos cidadãos são os que elegem o governo”. Para fechar a resposta, acrescenta: “Esperamos que os nossos amigos atuem para derrubar o regime terrorista do Hamas e não o governo eleito em Israel. ”

Antes, Biden e Netanyahu fixaram a mesma linha vermelha, em Rafah. Se cruzá-la para atacar o Hamas, os EUA não mais protegerão Israel no Conselho de Segurança da ONU. Mas, para Netanyahu, se não atacar o que resta do Hamas, vai permitir “um novo 7 de outubro”, o massacre do Hamas que matou 1.200 pessoas. No mesmo trilho, em direções opostas, o choque será inevitável.

Biden está em campanha eleitoral e já perdeu votos por seu apoio a Netanyahu, até agora. Começa a descolar-se dele, sem meio termos. Israel precisa da ajuda em armas e econômica dos EUA, e evita um rompimento. Os dois líderes não se falam desde 15 de fevereiro. Só um cessar-fogo e troca de reféns por prisioneiros palestinos pode aproximá-los. E aí surgiu na noite de terça-feira uma esperança de que um acordo se tornou de novo possível, mas ainda com muitos obstáculos pelo caminho. As negociações estão sendo feitas no Egito.

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