Prefeito de Porto Alegre sobre burocracia: "Entre vida e lei, vou salvar vidas"

Sebastião Melo criticou a demora no envio de verbas para ajudas nas enchentes no Rio Grande do Sul

Da Redação

Porto Alegre visto de cima após as chuvas e enchentes
Porto Alegre visto de cima após as chuvas e enchentes
Reuters

O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, afirmou que tem trabalhado junto com os governos do estado e federal não apenas na ajuda às vítimas das enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul nos últimos dias, mas também na elaboração de um plano de reconstrução das áreas afetadas pela tragédia. Em entrevista à Rádio Bandeirantes, Melo pregou o fim da polarização política neste momento de crise e afirmou que tomou a decisão de "passar por cima" de determinadas legislações para salvar vidas.

"Nós temos uma governança, eu criei para tudo isso uma frente de trabalho. Agora é a busca pelo financiamento. O presidente Lula esteve aqui, eu acho que sempre é momento de união. Terminou uma eleição, o governo deve dar as mãos. O mesmo povo que elegeu o presidente é o povo que elegeu o governador e o prefeito. Nós temos o dever institucional de trabalhar juntos sempre, mas especialmente em um momento de crise. Agora para nós enfrentarmos a dureza que o Rio Grande e Porto Alegre vão passar, só tem uma maneira, tem que ver uma PEC excepcionalizando essa burocracia que tem matado o país e muitas vezes anuncia dinheiro e não chega", afirmou.

"Eu tomei uma decisão aqui dentro da minha solidão, que às vezes o poder é o espaço de maior solidão do mundo. Eu estou mandando fazer tudo, mesmo descumprindo algumas regras legais, e depois eu vou me justificar perante os órgãos de controle. Eu sou legalista, sou um advogado, acho que tem que respeitar a leis. Mas entre a vida e a lei, neste momento, eu vou salvar vidas. Eu estou lançando mão de todos os instrumentos, comprando o que tem que comprar, fazendo o que tem que fazer, passando por cima de muitos entraves para poder salvar a nossa cidade. E eu vou continuar, eu não vou parar por aí", afirmou Melo.

O prefeito disse que ainda é impossível contabilizar os estragos causados pelas enchentes e destacou que o momento ainda é de salvar vidas. "Nunca tinha chegado um temporal no tamanho que chegou. Eu acho que a cidade vai ter que repensar muitas coisas, mas não é momento de discutir isso. Nós estamos ainda em uma fase de salvar vidas, depois reconstruir vidas, que é dar um mínimo de dignidade para essas pessoas voltar para outros lares ou seus lares reconstruídos. Nós temos que recuperar a cidade do ponto de vista da sua infraestrutura".

"Eu não sei ainda o estrago, eu sei que todas as 23 bombas que fazem a drenagem urbana, todas elas foram danificadas. O tamanho disso, eu não sei dizer ainda. As estações de tratamento de água vão ter que ser reforçadas começando pela nossas ilhas, muitas estradas, muitas vias de acesso foram rompidas", disse Melo. "A questão da sujeira da cidade, você imagina quantos caminhões eu vou ter que contratar para limpar toda a sujeira da cidade, a lama que ficou, redes que ficarem entupidas com muita terra? Não basta só bombear água se não tem não tem cano para escoar".

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