Caso Meyniel: inquérito é concluído e agressor será indiciado por três crimes

Ator prestou novo depoimento na tarde desta sexta-feira (8).

Gustavo Osório e Marcus Sadok

A Polícia Civil concluiu o inquérito sobre o espancamento do ator Victor Meyniel. O agressor, Yuri de Moura Alexandre, vai responder pelos crimes de lesão corporal, injúria por homofobia e falsidade ideológica. Já o porteiro Gilmar Agostini, que presenciou toda a violência, foi autuado pelo de crime de omissão de socorro.

O ator prestou depoimento por cerca de duas horas na Delegacia de Copacabana, nesta sexta-feira (8). Ao sair, ainda com o rosto machucado, Victor conversou com o jornalistas e agredeceu o apoio recebido na última semana.

“Obrigado pela preocupação. Muito obrigado pela força”, disse após ser ouvido pela polícia.

O influenciador ainda faz um apelo:

“É sobre isso, gente! Denunciem sempre”.

O delegado João Valentim falou sobre o conclusão do caso após o depoimento de Victor Meyniel. Para ele, mesmo que tenha ficado comprovado que Yuri não omitia ser gay para algumas pessoas, como a amiga, há indícios de que a agressão começou após o estudante se incomodar com o questionamento sobre sua sexualidade na frente do porteiro. 

Valentim afirmou ainda que quando Yuri mente para o policial militar que atendeu a ocorrência dizendo que sua amiga era, na verdade, esposa, ele também está tentando esconder a homossexualidade. O agressor ainda tentou se passar por médico da Aeronáutica.

“Ficou claro para a Polícia Civil que além das lesões corporais, houve sim atos homofóbicos praticados contra o Victor Meyniel. As lesões foram praticadas por uma intolerância por conta da repulsa de ser chancelado de gay (Yuri)”, afirmou.

O delegado ainda falou sobre as "importunações" que Karina de Assis, médica que divide o apartamento com Yuri de Moura, afirma ter sofrido pelo ator momentos antes da agressão.

“Não foram apresentadas provas dessa importunação. E uma importunação não quer dizer necessáriamente que corresponde a um crime. Então, não há interesse em abrir uma investigação”.

“O ato de homofobia muitas vezes vem de uma maneira velada, e nesse caso especifico não foi velada. O agressor comprovou que sua sexualidade não era totalmente fechada para a sociedade, mas ela pode ser muitas vezes velada para um segmento de amizade e outros não. Ele se identificou para os policias militares como médico da Aeronaútica e como um casal, ou seja, como se fosse hétero. Então, agora, chancelado como homofóbico, ele se identifica como aberto”, destacou o delegado.

O ator Victor Meyniel foi agredido na manhã do último sábado (2) pelo estudante de medicina Yuri de Moura. 

Eles se conheceram em uma festa em Copacabana, na Zona sul, e depois foram para o apartamento do agressor. 

Câmeras de segurança flagraram toda a violência que começou no corredor do prédio. O porteiro Gilmar Agostini presenciou a discussão que se estendeu até a portaria, onde o estudante agrediu o influenciador com vários socos. 

O funcionário não prestou socorro e, logo depois que Yuri sai do edifício, retirou a vítima da passagem sem prestar assistência.

A médica que mora com Yuri foi ouvida nesta semana e apresentou outra versão sobre o que teria motivado a briga.

No depoimento desta sexta (8), Victor disse que Karina distorceu os fatos que realmente aconteceram no dia do crime e negou ter agido de maneira inconveniente e debochada.

Yuri está preso preventivamente.