Especialistas criticam PM por estender prazo de validade dos coletes balísticos

Condições de conservação dos equipamentos de segurança são motivo de preocupação

Beatriz Pereira*

Especialistas criticam PM por estender prazo de validade dos coletes balísticos
Prazo de validade dos coletes balísticos foi prorrogado
Reprodução / vídeo

Um dos equipamentos de segurança mais básicos e importantes para a segurança de policiais militares virou alvo de críticas por especialistas e associações da categoria. A preocupação não é sem motivo, já que a Polícia Militar do Rio de Janeiro decidiu prorrogar a validade de quase sete mil coletes balísticos.

Na prática, a medida publicada no boletim oficial permite que 6.780 equipamentos sejam usados nas ruas por policiais, mesmo já tendo passado a data original de vencimento.

Os coletes a prova de balas em questão têm data de vencimento entre novembro de 2023 e maio deste ano, mas laudos ratificados pela empresa fabricante dos coletes permitiram o uso prolongado em até nove meses.

Os modelos de nível de proteção III-A foram fabricados pela empresa Glágio do Brasil Proteção Balística Ltda, e tiveram laudo de eficiência balística emitido pelo Laboratório NTS BELCAMP.

A Associação dos Ativos, Inativos e Pensionistas da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros (Assinap) demonstrou preocupação com a medida, que de acordo com o grupo, coloca em risco o policial que for exposto pelo Estado sem a devida proteção. Entre os principais problemas com a manutenção do colete a prova de balas está a preservação das capas impermeáveis, que protegem de umidade e calor o painel do equipamento.

“Muito mais do que estender a garantia, é questionar se mesmo estando dentro ou não do período estabelecido inicial e no segundo período, os coletes vêm sendo mantidos dentro das condições prescritas pelo fabricante", destaca a nota da Assinap.

Paulo Storani, especialista em segurança pública, comentou que, independentemente do prazo de validade, a conservação dos coletes deve ser preocupação das Associações específicas e de toda a corporação, já que, se não mantiverem manutenção periódica, o equipamento pode sofrer perdas na proteção.

Storani diz que os coletes precisam receber algum tipo de limpeza e secagem (no caso de uma sudorese excessiva), para não comprometer os componentes, as fibras que constituem o colete, tornando-o vulnerável.

“Caso não esteja sendo feita essa ação, não adianta garantia nenhuma, nem anterior e nem estendida que eles promoveram, porque o material já está comprometido por si só”, afirma o ex-instrutor de tiros do Bope.

O principal questionamento é sobre a amostra usada nos testes de apenas quatro coletes, ou 0,5% do total. O texto afirma que a solução balística licitada apresenta índices satisfatórios de durabilidade e, no atual estado, considerando os resultados obtidos, a Glágio prorroga a utilização dos coletes após o vencimento por mais nove meses.

A Polícia Militar do Rio de Janeiro e a Secretaria de Segurança do Estado foram questionadas sobre o caso, mas não quiseram se posicionar.

*Sob supervisão de Christiano Pinho.