‘Você vai sair daqui, se não eu vou te matar’, disse cliente para entregador

As agressões verbais aconteceram neste domingo (19). O motoboy afirmou que não é obrigado a levar o pedido até apartamento dos clientes

Júlia Zanon*

‘Você vai sair daqui, se não eu vou te matar’, disse cliente para entregador
Entregador de iFood registra ameaça em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio
Reprodução

Um entregador de aplicativo foi agredido verbalmente por um cliente, que se recusou a descer para buscar o lanche. O crime aconteceu em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio, na noite do último domingo (19), quando o motoboy afirmou que não é obrigado a entregar na porta do apartamento. Então, o homem começou com as ameaças. A vítima gravou as agressões e publicou tudo em uma rede social.

“Ele falou ‘Você vai sair daqui, senão eu vou te matar’. E toda vez que eu ia ligar para a polícia, ele tentava pegar o celular da minha mão e ia para trás e me ameaçava ele falava que sabia meu nome, minha placa e eu só aceitei”, disse o entregador, Robson José da Silva.

Segundo o motoboy, o cliente continuou com as ameaças.

“Ele falou ‘Rapaz, eu sou da milícia. Sorte que eu não desci com a minha arma para te dar uma coronhada’. Começou a xingar a minha mãe. Então, asisim, passei um constrangimento, não dormi, passei a noite acordado”, contou Robson.

Na mesma noite, ele foi até a polícia, que subiu para tentar conversar com o agressor, mas ele não quis se identificar.

“O policial falou para eu fazer o boletim de ocorrência porque o cara não quis se identificar e ele estava um pouco alterado [...] De manhã, vim na delegacia”, continuou Robson. O crime foi denunciado na 32ª DP da Taquara, também na Zona Oeste do Rio, e está sendo investigado.

Robson afirmou que, dois dias depois, ainda não conseguiu voltar a trabalhar, por medo. “Eu não me sinto seguro. Eu sou habilitado, meu veículo está em dia, mas eu estou inseguro. Não tem ninguém que me procurou para poder me dar algum apoio”.

Em nota, o iFood afirmou que “repudia veemente o uso da violência, seja ela física ou verbal, e estamos apurando internamente o caso para tomar as providências necessárias” e ressaltou que os entregadores não são obrigados a entregarem o pedido no apartamento dos clientes.

“Até agora eu recebi duas ligações do aplicativo perguntando como eu estava, oferecendo um atendimento psicológico. Eles estão ao meu favor, mas eu expliquei para eles que eles estão em cima do muro. No site diz que conta com a gentileza do cliente descer para pegar o pedido, enquanto para a gente eles dizem que a gente não é obrigado a subir. Então, como vai chegar o pedido no cliente? E quem sofre somos nós que estamos nas ruas”, desabafou Robson.

OUTROS RELATOS

No mês passado, um caso parecido aconteceu em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio. O entregador se recusou a entregar uma pizza no apartamento de um cliente. Além das agressões verbais, o motoboy chegou a levar um tapa no rosto.

*Sob supervisão de Helena Vieira