Justiça suspende reintegração de posse de idosa de 89 anos, em Paraibuna

Decisão acontece depois de idosa ter assegurada uma casa do CDHU, via administração municipal

Redação Band Vale

Justiça suspende reintegração de posse de idosa de 89 anos, em Paraibuna
Dona Maria Benedicta, moradora de Paraibuna
Prefeitura de Paraibuna

*Esta matéria foi atualizada às 19h18 do dia 3 de agosto.

A Justiça de Paraibuna decidiu suspender o pedido de reintegração de posse de uma idosa de 89 anos, moradora do bairro do Macaco, na zona rural da cidade. O caso foi divulgado na última semana, e ontem Maria Benedicta teve uma casa assegurada pela administração municipal, via CDHU.

A decisão do juiz Pedro Flavio de Britto Costa Junior considera o ofício da prefeitura de Paraibuna, informando sobre a possibilidade de disponibilização de um imóvel para a idosa, com previsão de entrega para outubro deste ano.

Além disso, o magistrado também considerou o "princípio constitucional da dignidade da pessoa".  

Nos últimos dias, a idosa viveu momentos de grande incerteza e preocupação após receber uma notificação judicial que dava um prazo de 20 dias para desocupar a casa onde morava.

Em 29 de julho, a administração municipal enviou um ofício ao Governo do Estado, por meio da CDHU, solicitando a inclusão de Maria Benedicta entre as famílias beneficiadas com uma moradia. A CDHU acatou o pedido do governo municipal, incluindo uma moradia para Maria Benedicta entre as destinadas a famílias vivendo em áreas de assentamentos precários.  

Maria Benedicta se juntará a outras quatro famílias que terão suas residências asseguradas sem a necessidade de participarem do sorteio da CDHU em Paraibuna, programado para o segundo semestre de 2024.

Sobre a nova decisão, a Cesp, proprietária da área, se posicionou em nota:

”A CESP, Companhia Energética de São Paulo, operadora temporária da Usina Hidrelétrica Paraibuna, informa que a condução do cumprimento da decisão judicial referente a reintegração de posse, inclusive os seus respectivos prazos, fica à cargo da Justiça, cabendo à CESP prover os meios para tal cumprimento. Ademais, a CESP informa não ter sido oficialmente intimada de qualquer decisão que altere a decisão judicial que lhe garante o direito à reintegração de posse da referida área.”

História de dona Maria

Dona Maria Benedicta e o marido, que já é falecido, compraram o terreno em 1989 e, na época, pagaram 400 cruzados novos pela área de um hectare. A idosa, que criou 11 filhos, netos e bisnetos recebeu uma ordem para ser despejada. O percalços dessa história começaram em 2015 quando um representante da Companhia Energética de São Paulo (CESP) procurou a família e informou que a empresa era proprietária do local.  

O terreno também já pertenceu à Eletrobrás. A idosa atribui a conquista da casa de pau a pique à santa que é devota.  

"Eu fiz promessa pra Nossa Senhora Aparecida me ajudar. Eu vendi geladeira, uma vaca que eu tinha, juntei um dinheirinho pra pagar um pedacinho de terra que nós compramos", disse Maria à reportagem do Brasil Urgente.  

Segundo uma das filhas de dona Maria, Margarete Aparecida Gaspar, a CESP notificou que dona Maria precisava deixar a área que a mãe havia invadido. A família então acionou a Defensoria Pública da cidade, que agora tem um advogada que representa a idosa na Justiça.  Por dona Maria não ter comparecido a uma audiência o juiz deu ganho de causa para a empresa. A família, no entanto, alega que o advogado não avisou sobre a audiência. 

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