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"Além da cepa indiana, devemos nos preocupar também com as variantes brasileiras", diz virologista

O médico afirma que o aumento no número de casos de Covid-19 possibilita a mutação do vírus, o que origina novas variantes

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Com um cenário de baixa testagem, é extremamente difícil afirmar se a variante indiana já está circulando livremente, afirma especialista
Com um cenário de baixa testagem, é extremamente difícil afirmar se a variante indiana já está circulando livremente, afirma especialista
Imagem: Koki Kataoka/REUTERS

O médico especialista em Microbiologia e Virologia e professor na Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, Maurício Lacerda Nogueira, conversou nesta segunda-feira (24) com os jornalistas Ivan Brandão e Sheila Magalhães sobre as precauções a serem adotadas após a descoberta da variante indiana no país. Nogueira também falou sobre a campanha de imunização brasileira, que segue em um ritmo lento.

Sem vacinas para grupos prioritários 

O virologista esclarece que, dentro da hierarquia do sistema de saúde, cabe às cidades vacinarem, aos estados está incumbida a função de fornecer a logística e o Governo Federal é o responsável pela compra das doses. “Desta forma, o problema está lá em Brasília. O governo não se preparou, não comprou vacinas”, afirma o médico.

Diante da escassez de imunizantes e do atraso da chegada de insumos para a produção de novas doses, a proteção até mesmo de grupos prioritários, definidos pelo PNI (Programa Nacional de Imunizações) segue incerta no Brasil. O professor é enfático ao afirmar que de fato não haverá vacinas nem mesmo para tais prioridades: “Não temos uma política muito clara de distribuição de vacinas que seja eficiente e condizente com a realidade”, relata. 

Cepa indiana deve preocupar? 

O especialista avalia que com o cenário de baixa testagem de pessoas no país, é extremamente difícil afirmar se a variante indiana do coronavírus, cuja presença no Brasil foi detectada na última quinta-feira (20), já está circulando na chamada “transmissão comunitária”, que ocorre quando os casos da doença se dão sem vínculo a um caso já confirmado, ou seja, quando não é possível rastrear a origem da infecção. 

Sobre a preocupação que se instalou desde a descoberta da cepa no estado do Maranhão, o médico faz uma ressalva: “independentemente de haver ou não a variante indiana, devemos nos preocupar muito com as variantes brasileiras. Estamos tendo um aumento na circulação e no número de casos muito importante, o que irá gerar variantes próprias, pois o vírus estará sofrendo mutações o tempo inteiro. Quanto mais casos, mais mutações”. 

A solução para encerrar a produção ilimitada de novas variantes? O professor é bem direto: “É possível controlar esse cenário da forma que temos falado desde o ano passado, e da qual, por alguns motivos que cabem a outras pessoas identificarem, o governo não fez, que é comprar vacinas suficientes para imunizar a população brasileira”.

Acompanhe a entrevista completa: 

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