O diesel deve ficar mais caro a partir da próxima semana. A data foi fixada pelo Governo Federal para a reoneração de PIS/Cofins, que vão passar a incidir sobre o litro do combustível em R$ 0,11. A medida ocorre após 91 dias de isenção do imposto, prevista pela MP 1175, que teve como objetivo estimular a renovação da frota de caminhões e ônibus. A mudança se soma à outras duas pressões: o aumento de R$ 0,02 esperado para outubro e em janeiro de 2024 a cobrança dos impostos volta a ser integral. De R$0,35 por litro do diesel.
O avanço deve ocorrer em um momento de alta do produto nos mercados. Segundo dados da ANP, o preço do diesel registrou aceleração nas quatro últimas semanas. Na sexta-feira (25), por exemplo, o valor médio de revenda do litro do produto nos postos do país passou de R$ 5,38 para R$ 5,93. Uma alta de R$ 0,97 por litro desde o reajuste anunciado pela Petrobras no último dia 16. Um repasse ainda maior que os R$ 0,65 estimados pela estatal.
Mesmo com reoneração do diesel e com a alta no mercado, o preço do combustível continua acumulando defasagem em relação aos valores praticados pelo mercado internacional.
Segundo dados dos importadores (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis - Abicom), nesta quarta-feira (30) o preço do diesel acumula defasagem de 10% frente ao mercado internacional, enquanto os preços da gasolina chegam a 6%.
Em recente manifestação em uma rede social, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, demonstrou preocupação com a escalada dos contratos futuros do diesel, que pode ser afetado por um incêndio que atingiu uma refinaria dos Estados Unidos, responsável por 5% do abastecimento local.
Desde que a petroleira anunciou sua nova estratégia comercial, em maio deste ano, a estatal não leva mais em conta as variáveis cambial, preços internacionais do petróleo e conjunta econômica e política globais para formulação de preços.
A empresa passou a considerar as particularidades do mercado interno, o preço das concorrentes no país e o contingente de produção e importação para elaborar seus preços.
Por sua vez, André Braz, da FGV-IBRE, acredita em reflexos na inflação.
"Como o diesel é um combustível estratégico, o efeito indireto dele pra inflação não é desprezível, é grande. Mas é difícil de ser estimado um efeito que a gente irá perceber a médio e longo prazo. É nesse período que o preço do barril do petróleo também pode ter um comportamento mais favorável", afirma.
"Ele subiu muito recentemente e a gente acredita que há espaço pra alguma inversão dessa tendência. E pode ser que isso ajude nesse período pra frente a mitigar esse aumento, estrategicamente muito importante pro país", completa.
No início do pregão na Bolsa de Londres nesta quinta-feira (31), o barril do petróleo do tipo Brent era negociado em US$ 85,67. Os repiques no preço do diesel afetam diretamente os custos dos transportes rodoviários, com peso estimado de 30%.