O presidente da Eletronuclear, Eduardo Grand Court, afirma que a empresa está revisando as normas de comunicação de eventos após o vazamento de água contaminada da usina Angra 1, em setembro do ano passado. As autoridades só foram avisadas oficialmente pela companhia três semanas depois.
Durante audiência pública na Câmara de Vereadores de Angra dos Reis nesta quarta-feira (12), ele explicou que todos os casos serão notificados, mesmo que não causem danos. Antes, a empresa seguia as regras da Comissão Nacional de Energia Nuclear, que dispensava o alerta em eventos menores.
O caso foi revelado pela BandNews FM ainda em setembro, mas a Eletronuclear negou o ocorrido. Depois, mudou a versão e admitiu a liberação não programada de 90 litros de água com substâncias radioativas.
Membros do Ministério Público Federal, da Comissão Nacional de Energia Nuclear, do Instituto Estadual do Ambiente, da Prefeitura de Angra dos Reis e da Comissão Minas e Energia da Câmara dos Deputados também participaram da audiência pública.
O vereador Jorge Eduardo Mascote, que presidiu a reunião na Câmara, defendeu mais transparência por parte da Eletronuclear e questionou se outros casos não foram omitidos pela empresa.
O superintendente de Angra 1, Abelardo Vieira, garantiu que os pontos de corrosão do sistema de contenção de vazamentos já foram solucionados e outras medidas de segurança foram adotadas para evitar novos incidentes. Ele ainda explicou que a água contaminada ficou contida em uma área controlada, mas chegou ao mar depois de escoar para um ralo durante fortes chuvas.
A Prefeitura de Angra dos Reis já manifestou interesse em entrar como autora no processo movido pelo Ministério Público Federal, que acusa a Eletronuclear de tentar esconder o ocorrido.
Outra audiência pública deve ser realizada pela Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados. O requerimento foi aprovado no fim de março, mas a data do encontro ainda não foi definida.
Na semana passada, técnicos da Comissão Nacional de Energia Nuclear e do Ibama realizaram uma inspeção na usina. A empresa foi multada em R$ 2,1 milhões pelo descarte irregular de substância radioativa e por não ter comunicado o caso imediatamente.
Em nota, a direção da Eletronuclear disse que ficou satisfeita com a reunião e está colaborando com as autoridades.