iFood registra mais de 4 mil agressões a entregadores no Rio somente em 2024

Só nos 5 primeiros dias de março, 211 entregadores fluminenses registraram denúncias de ameaças e agressões no aplicativo de entrega

Por Júlia Zanon (sob supervisão)

iFood registra mais de 4 mil agressões a entregadores no Rio somente em 2024
O problema voltou à tona na noite de segunda-feira (4) quando entregador foi baleado
Reprodução

De janeiro até o início de março desse ano, o iFood já registrou 4.600 agressões contra entregadores no estado do Rio. O número representa quase 30% do total de casos no país, que foi de 13.576.

Só nos 5 primeiros dias de março, 211 entregadores fluminenses registraram denúncias de ameaças e agressões no aplicativo de entrega.

Por causa do número de casos, o iFood criou uma plataforma própria para os relatos de situações que aconteceram durante o exercício do trabalho no Rio de Janeiro, com apoio jurídico e psicológico de forma 100% gratuita. Ainda segundo a empresa, através da apuração das denúncias, os agressores são punidos, tendo as contas no aplicativo banidas. 

O iFood também afirmou que vem realizando campanhas de conscientização para os clientes não se recusarem a buscar os pedidos nas portarias.

Em 10 meses, foram atendidos 28 casos no estado: 25% por agressão física, 18% por descriminação e 7% por violência sexual. A maioria, na Zona Sul da capital.

A gerente de impacto social do iFood, Tatiane Alves, afirma que o problema é regional e que deve ser regulamentado.

Algumas cidades tem um projeto de lei para regulamentar o assunto. O Rio de Janeiro tem uma série de proposta pra regulamentar, mas nenhum aprovado. Um outro exemplo é a cidade de Fortaleza que já aprovou uma lei obrigando o cliente a ir buscar o pedido na portaria. A gente ê essas medidas com muitosbons olhos, justamente porque por ser um problema regional, também é muito complexo. E essa demanda precisa ser tratada de forma regionalizada

O problema voltou à tona na noite de segunda-feira (4), quando o entregador Nilton Ramon de Oliveira, de 24 anos, foi baleado depois de uma discussão com um cliente por se recusar a subir em um apartamento para entregar o pedido. A vítima está internada em estado grave no Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, Zona Norte do Rio. O cliente era um policial militar. Ele se apresentou na delegacia, mas foi liberado em seguida.

O iFood afirmou que não tolera qualquer tipo de violência contra os entregadores parceiros e que a obrigação do entregador é deixar o pedido no primeiro ponto de contato, seja o portão da casa ou na portaria do prédio.  

Procurado, o aplicativo Rappi também afirmou que os entregadores parceiros da plataforma não têm a obrigação de subir até a porta do apartamento do cliente. A indicação é deixar na portaria, e a opção de subir não existe no aplicativo.

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