Uma semana e meia após o início da operação do BRT TransBrasil, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, admitiu que foram causados transtornos no trânsito e que a Prefeitura busca soluções. Em agenda nesta quarta-feira (10), Paes respondeu questionamentos sobre a situação pela primeira vez.
"Nós estamos acompanhando. É óbvio que esse início é sempre um início de testes. A operação do BRT é um sucesso, mas do trânsito não. O trânsito ele claramente piorou, nunca foi um trânsito bom, mas piorou. E a gente tem que tentar buscar medidas para melhorar. E acho que a gente tem que fazer adaptações no trânsito. Estamos estudando algumas para melhorar a fluidez dos veículos."
Um estudo realizado pelo Centro de Operações Rio aponta que 27% das ocorrências na Avenida Brasil são provocadas por caminhões, mesmo representando apenas 6% do total de veículos que trafegam pela via. Segundo o relatório, a possibilidade das ocorrências provocadas por este tipo de veículo é seis vezes maior do que as cometidas por carros.
De acordo com os dados levantados pelo COR entre janeiro de 2023 e abril de 2024, no trecho entre Deodoro, na Zona Oeste, e Centro, a maioria das ocorrências com caminhões acontece entre 6 e 8 horas da manhã, no horario de rush.
A principal causa são os enguiços, representando 22% das ocorrências. Além disso, o tempo médio para que um problema envolvendo caminhões seja solucionado é de uma hora e três minutos, enquanto os envolvendo carros é de 44 minutos.
O estudo conclui que caminhões e carretas aumentam o tempo de deslocamento na via em 33%.
Motoristas que utilizam a Avenida Brasil pedem soluções para os congestionamentos na Avenida Brasil, que pioraram desde a inauguração do BRT TransBrasil, que reduziu o número de faixas disponíveis para veículos de passeio.
"O trânsito pela manhã tá horrível, realmente é muito ruim. A gente tá falando da principal via de acesso da cidade com o trânsito que trafega abaixo do limite de velocidade sempre. Ou seja, onde nós deveríamos estar transitando para dar fluidez para a cidade, movimentar a economia do país, a gente transita como se estivesse passeando."
"Poderia, na pista do BRT do canto, passar os ônibus e os táxis normalmente, e deixar a terceira pista. Ficaria bem melhor para o pessoal dos carros e dos caminhões ter mais uma pista."
Já os caminhoneiros são contra a proibição de utilizar a via expressa em determinados horários e dizem que os verdadeiros culpados do trânsito são os veículos de passeio. Inicialmente, a ideia do município era restringir a circulação de caminhões nos períodos de maior movimento.
"Na minha opinião, o que atrapalha o trânsito na cidade como um todo são os carros de passeio. Uma opção viável talvez fosse o rodizio de placas. Eu sou até a favor da restrição de caminhões sim na pista do meio, só que não faz sentido nenhum proibir de passar caminhão na Avenida Brasil, porque passamos pela pista do canto. Dê um jeito nesses carros de passeio, porque são muitos. É isso que atrapalha o trânsito."
Nesta terça-feira (9), a Comissão de Transportes da Câmara Municipal promoveu uma audiência pública para debater soluções para o trânsito da Avenida Brasil. Durante a sessão, representantes dos caminhoneiros de carga apontaram que restringir o tráfego deste tipo de veículo causaria problemas econômicos, de abastecimento da cidade e de segurança, já que os caminhoneiros que vem de fora do Rio teriam que esperar pelo horário de liberação ou utilizar rotas alternativas, que podem ser mais perigosas.
Nenhum representante da Prefeitura esteve presente na audiência pública.
