O ex-deputado federal Felipe Bornier e mais dois membros da família dele estão entre os denunciados pelo Ministério Público no esquema fraudes em cartórios de notas e registro de imóveis da Baixada Fluminense.
Em operação realizada nesta terça-feira, um tabelião foi preso em flagrante por porte de arma irregular. Josemar Francisco, que atuou no 5º Ofício de Notas de Nova Iguaçu, é um dos nove denunciados na terceira fase da Operação Lázaro. Os agentes foram às ruas nesta terça-feira (19) para cumprir 17 mandados de busca e apreensão. A arma foi encontrada na casa de Josemar.
Além de Felipe Bornier, que também já foi secretário de Estado de Esportes do Rio, o MP denunciou a irmã dele, Flávia Bornier, e a tia Rosa Bornier. Eles são acusados de adquirir em 2017 um imóvel com fraude na escritura com cerca de 200 mil metros quadrados, o equivalente a 20 campos de futebol, em Queimados. A transferência do imóvel ocorreu por meio da empresa de fachada R2F Empeendimentos Imobiliários.
A denúncia do MP mostra que os investigados fraudavam registros de imóveis, tomando a propriedade de escrituras de outras pessoas. Os imóveis eram então vendidos por um valor mais baixo e, depois, revendidos por um preço muito superior, o que indicaria lavagem de dinheiro.
A venda do terreno em Queimados deu um prejuízo de R$ 3 milhões a um empresário.
A promotora de Justiça Elisa Pittaro explica ainda que em troca do terreno, a família Bornier transferiu vários imóveis para os envolvidos no esquema.
Relatórios do COAF apontaram ainda 48 depósitos feitos pela Câmara dos Deputados para a R2F, totalizando R$ 240 mil, movimentações suspeitas ligadas a Felipe Bornier. Os documentos também apontaram que a empresa obteve créditos fracionados de mais de R$ 2 milhões em quatro meses, indicando lavagem de dinheiro.
O tabelião Josemar Francisco já tinha sido alvo da operação em 2019. Na ocasião, o ex-prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis, e Elói de Oliveira, também foram denunciados por prometerem a Josemar R$ 500 mil para a fraude de várias escrituras.
A reportagem não conseguiu contato com as defesas dos citados.