Governo do Rio recria Secretaria de Segurança Pública

O anúncio ocorre cerca de um mês após Cláudio Castro afirmar que a pasta não teria papel essencial no combate à violência no estado

Por Pedro Dobal

Governo do Rio recria Secretaria de Segurança Pública
Claudio Castro em discurso no Rio
Reprodução

O anúncio da recriação da Secretaria de Segurança Pública no Rio de Janeiro ocorre cerca de um mês após o próprio governador Cláudio Castro afirmar que a pasta não teria papel essencial no combate à violência no estado. A declaração aconteceu no dia 25 de outubro, após uma reunião em Brasília.

Na ocasião, Castro citou outros estados que têm a secretaria unificada e também passam por problemas relacionados à segurança. O governador ainda ressaltou que só faria mudanças se o modelo de pastas separadas para as polícias Civil e Militar não estivesse funcionando.

"Não creio que não ter Secretaria de Segurança Pública seja o causador disso, mediante o Brasil inteiro ter e esse problema estar no Brasil inteiro. Acho que essa é uma análise rasa de quem tem uma opinião só e se finca naquilo. Se nós percebermos que o modelo não está funcionando, podemos mudar sim."

A Secretaria de Segurança Pública foi extinta em 2019, no governo de Wilson Witzel, em que Cláudio Castro era vice. Ao anunciar a recriação na segunda-feira (28), o atual governador disse que o objetivo é integrar e fortalecer as ações de segurança no estado. Segundo Castro, as polícias terão uma corregedoria unificada para dar mais rigor às investigações.

A medida acontece após episódios que evidenciaram a crise de segurança no estado, como o ataque a 35 ônibus na Zona Oeste, o assassinato de três médicos na Barra da Tijuca e a execução de uma policial militar em Santa Cruz. Desde o início do mês, militares das Forças Armadas atuam no Rio em portos e aeroportos, por meio da operação de Garantia da Lei e da Ordem. Cerca de 300 agentes da Força Nacional também reforçam a segurança até março de 2024.

A professora de Segurança Pública da UFF Jacqueline Muniz pontua que a iniciativa é positiva, mas precisa ser acompanhada de um planejamento claro da política de segurança.

Para o analista de segurança e ex-comandante da PM Ubiratan Ângelo, a decisão acirra um cenário de disputa entre as corporações, mas pode ser importante se forem estabelecidas metas eficientes.

A pasta vai ser comandada pelo policial federal Victor Cesar Carvalho dos Santos, que foi superintendente Regional da PF no Distrito Federal na gestão de Jair Bolsonaro. Na instituição, ele também atuou Delegacia de Repressão a Entorpecentes e na coordenação da segurança de grandes eventos, como a Rio+20, em 2012, e a visita do Papa Francisco, em 2013.

A nomeação foi publicada no Diário Oficial ainda na segunda-feira (27), dois dias após Castro se reunir com Bolsonaro, o vereador Carlos Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro, o deputado federal Alexandre Ramagem, que é cotado para disputar a Prefeitura do Rio, e lideranças do PL no Rio.  

O Sindicato dos Delegados de Polícia do Rio repudiou a decisão e disse que a pasta é uma estrutura administrativa onerosa, lenta e ineficiente, que costumava abrigava diversos apadrinhados políticos. Em nota, a entidade ainda questiona se a medida teria algum interesse em relação às próximas eleições.

Já a Procuradoria-Geral do Estado passará ser comandada pelo procurador Renan Miguel Saad, que assume no lugar de Bruno Dubeux. Renan chegou a ser preso em 2019 suspeito de receber mais de um milhão e duzentos mil reais em repasses da Odebrecht relacionados à obra da Linha 4 do Metrô. O caso foi arquivado.

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