Há mais de um ano, destino do Estação Net Rio ainda segue incerto

Imbróglio segue sem previsão de acordo entre locador e locatário

Por João Videira (sob supervisão)

Destino do cinema segue incerto Reprodução/Estação Net Rio
Destino do cinema segue incerto
Reprodução/Estação Net Rio

Um dos templos da cinefilia da cidade, o Estação Net Rio passa por uma situação muito complicada. O destino do cinema em Botafogo permanece incerto, após mais de um ano de disputas que envolvem a locação do espaço.  

Gerido pelo Grupo Estação, o cinema de Botafogo passa por um processo judicial que pode resultar no despejo do locatário das salas do cinema.  

O imbróglio é debatido recorrentemente nas redes sociais e foi originado por um conflito entre o Grupo Severiano Ribeiro (GSR), dono da rede Kinoplex de cinemas e proprietário do imóvel, e o grupo Estação, locatário do espaço desde 1994 - quando ainda era chamado de Cine Star.  

Os pedidos são para que haja um acordo entre as duas partes.  

No começo da pandemia, o cinema havia feito uma campanha e arrecadou mais de R$ 700 mil para manter o funcionamento. O que não foi suficiente para superar as dívidas por completo e resultou na abertura formal do processo, em 2020 - movido contra o Grupo Estação.  

Situação Complicada

Envolvendo uma dívida de aluguel acumulada- que os locadores dizem atingir R$ 1,2 milhão - o conflito judicial passou por duas ações, que envolvem a remoção de contrato e o despejo. De acordo com o GSR os aluguéis deixaram de ser pagos a partir de março de 2020.  

Em novembro de 2021, a Prefeitura do Rio optou pelo tombamento do cinema, que foi incluído no Cadastro dos Negócios Tradicionais e Notáveis. À época, o então secretário de Governo e Integridade Pública do Rio, Marcelo Calero, afirmou que o negócio tinha a ver com a "identidade do Rio".  

Na prática, a ação da prefeitura, fez com que os processos fossem transferidos da primeira para a segunda instância da Justiça do Rio de Janeiro.

Em abril deste ano, foi proferida uma decisão do juiz da 27ª Vara Cível do Rio, que determinou o recolhimento do mandado de despejo até o julgamento da apelação.  

Após isso, ela seguiu para a 7ª Câmara Cível, em que segue tramitando, e aguarda julgamento.  

De acordo com a mais recente apelação, proferida pelo desembargador Caetano Ernesto da Fonseca Costa, o projeto foi reincluído na pauta.

Em entrevista à BandNewsFM, a advogada Marcela Bocayuva, disse que pode ser um passo importante a finalização desse imbróglio, uma vez que o desembargador Caetano determinou em seu despacho que antes do julgamento os " demais desembargadores responsáveis pelo caso tenham de analisar o pedido formulado pela parte devedora para que parte da dívida seja quitada, o que sinaliza um possível acordo entre as duas partes".  

Para Adriana Rattes, diretora e sócia-fundadora do Grupo Estação, o fato do processo ter entrado em pauta para julgamento não muda muito o cenário anterior.

"Respeitando o devido processo legal, estamos esperando o próximo julgamento com a esperança de que os desembargadores entendam que o processo deve ser tratado de uma maneira que não haja total desequilíbrio com o locador em uma situação de pandemia", completa ela.

Mobilização  

A mobilização pela permanência das salas de exibição no local une críticos, cinéfilos, a classe artística, frequentadores do local, e até o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio (CAU-RJ).

Foram criadas nas redes sociais Hashtags que pedem a permanência do cinema. Um abaixo-assinado contra o despejo do Grupo Estação do local já conta com mais de 27.000 assinaturas.  

Quase dois anos depois da primeira ação judicial, seu destino ainda segue incerto.  

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