O Instituto Estadual do Ambiente multa em R$ 10,7 milhões a empresa suspeita de despejar a substância que interrompeu a produção de água na Estação de Tratamento do Guandu, na Baixada Fluminense, por mais de 13 horas.
A fábrica fica em Queimados, próximo a um dos rios que deságuam no Rio Guandu, e pertence à marca de produtos de limpeza Limppano.
A vistoria do Inea identificou que a Burn Indústria e Comércio foi a responsável por lançar surfactante, um composto presente em detergentes, na galeria de águas pluviais, contribuindo para a formação da espuma que paralisou a maior estação de tratamento de água do Brasil. A concentração da substância chegou ao dobro do limite tolerável pelas normas ambientais.
A química Emily Rodrigues explica que o material pode danificar equipamentos e ainda representa um risco para o ecossistema da região.
Sócios e diretores da empresa já foram intimados a prestar depoimento na Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente. A Polícia Civil também vai pedir a interdição judicial da fábrica, mas as atividades já foram interrompidas por determinação da Prefeitura de Queimados.
A empresa já havia sido alvo de uma denúncia anônima dias antes da paralisação da estação, quando um morador denunciou ao Ministério Público que a fábrica despejava água de lavagem dos silos de estocagem diretamente no esgoto. Imagens de uma espuma branca em uma galeria pluvial e em ruas do entorno da companhia também foram encaminhadas.
Procurada, a Burn afirmou que não há nenhuma relação entre a fábrica e a presença de material químico na bacia do Rio Guandu. A companhia disse que tem todas as licenças necessárias e já solicitou contraprova a um laboratório especializado.