A Justiça do Rio determinou a retirada definitiva da imagem de Tiago Vianna Gomes, de 28 anos, do álbum de suspeitos da Delegacia de Nilópolis, na Baixada Fluminense.

Desde 2016, Tiago foi denunciado nove vezes pelos crimes de roubo, por causa do reconhecimento fotográfico. É por meio deste álbum que as vítimas identificam a pessoa que acredita ser autora do crime  do qual ela foi alvo. Em nenhum dos nove casos, ele foi considerado culpado.

Uma pesquisa da Defensoria Pública, divulgada em maio deste ano e referente a processos julgados na Justiça do Rio, entre janeiro e junho de 2021, apontou que 80% dos réus absolvidos por erros no uso de reconhecimento fotográfico passaram mais de um ano na prisão. Desses, mais de 60% são negros.

Na época, Tiago contou que as acusações o prejudicaram na hora de conseguir emprego, além de afetar a vida familiar.

A defensora Rafaela Garcez, que acompanhou o caso de Tiago, destacou a gravidade da situação e o fato de ele nunca ter sido preso em flagrante.

Na decisão, o desembargador da Quinta Câmara Criminal da Justiça do Rio Peterson Barroso Simão apontou que o Superior Tribunal de Justiça tem reconhecido a nulidade do reconhecimento fotográfico como única prova em um inquérito, ainda mais quando envolve a questão da discriminação racial.

Em janeiro deste ano, a Justiça do Rio recomendou aos magistrados que reavaliem, com urgência, as decisões de prisões preventivas baseadas somente neste tipo de prova.