Mais de 4.200 pessoas estão desaparecidas no estado do Rio. É o que mostra um levantamento do Instituto de Segurança Pública com dados entre janeiro e setembro de 2023. O registro aponta um aumento de 10% em relação ao mesmo período do ano passado, quando 3.899 pessoas ficaram desaparecidas.
Se comparados os meses de setembro de 2022 e de 2023, há um aumento de 27%, com mais de 500 desaparecidos. Um desses casos é o de Leonardo Bastos da Silva, de 41 anos. Ele desapareceu no centro do Rio no dia 6 de setembro, depois de sair do trabalho.
Rennan Laurente, sobrinho de Leonardo, conta que a busca pelo tio não tem sido fácil:
"E a gente vai acumulando perguntas, hipóteses, dúvidas e incertezas. Todo dia a gente acorda com a esperança de que vai encontrá-lo, mas quando a tarde vai caindo vem a tristeza de que não encontramos em mais um dia. A gente vê muitos casos de desaparecidos, mas é o que a gente fala, quando é com a família, é muito difícil passar por isso".
O sobrinho conta que Leonardo fez o caminho contrário do comum no dia em que desapareceu, informação que os familiares descobriram ao rastrear o Bilhete Único utilizado por ele. Rennan relata, ainda, que o acesso a informações sobre o andamento das buscas é mais uma dificuldade encontrada pela família, que precisa ligar para a delegacia em busca de atualizações.
O desaparecimento de crianças e adolescentes também é um fator que preocupa no estado do Rio. Segundo Pedro Otávio, psicólogo do programa SOS Crianças Desaparecidas, da Fundação para a Infância e Adolescência do Rio de Janeiro, o registro rápido de desaparecimentos é fundamental para que as buscas sejam mais eficientes:
"Uma informação importante é a lei da Busca Imediata, que garante o registro de ocorrência de desaparecimento de crianças e adolescentes de forma imediata, não tendo que esperar 24 horas para fazer o registro. Percebemos que essa informação não é tão bem divulgada e é de extrema importância, porque quanto antes a ocorrência for feita, melhor para colaborar nesta localização".
O total de casos no estado do Rio já supera o registrado nos anos de 2020, que teve 3.350 desaparecidos de janeiro a dezembro, e 2021, quando, nos 12 meses, 4043 pessoas estiveram nessa situação.