Uma pesquisa mostra que, de junho de 2020 a maio deste ano, as polícias do Rio realizaram 1.566 operações na Baixada Fluminense. O levantamento da Iniciativa de Direito à Memória e Justiça Racial aponta que essas ações resultaram em 167 pessoas mortas, 364 feridas e 916 presas.
O levantamento teve início no dia 6 de junho de 2020, quando foi expedida liminar do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, que proibiu operações policiais em comunidades fluminenses durante a pandemia, salvo em casos excepcionais.
Devido ao número de incursões no período, os pesquisadores consideram que a liminar foi descumprida. Nivia Raposo, da Rede de Mães e Familiares da Baixada Fluminense, afirma que as mortes causadas pelas operações afetam famílias inteiras.
"E a gente não está falando só de homens, estamos falando também de mulheres, de crianças que estão sendo mortas por conta justamente disso. Dessa produtividade que a segurança pública tem que mostrar para sociedade e a produtividade é de matar pessoas pobres, principalmente pessoas pretas", diz ela
Os números do estudo apontam ainda que, das mais de 1.500 ações, apenas uma apreendeu mais de um quilo de drogas. Uma única operação conseguiu apreender mais de cinco armas.
A pesquisadora Giselle Florentino, uma das responsáveis pelo levantamento, afirma que essa atuação é uma escolha política do Estado.
"Não importa, na verdade, a discussão de quantidade de armas ou drogas para cada operação policial. Uma operação policial não deve acontecer nos termos que acontece hoje. O que está em curso, na verdade, é uma opção política do Estado em promover a produção de mortes da população negra através de uma narrativa de dita guerra às drogas como inimigo público", afirma Giselle
Questionada sobre o assunto, a Polícia Militar afirma que as ações da corporação cumprem rigorosamente as determinações legais, são baseadas em informações de órgãos oficiais e são previamente comunicadas ao Ministério Público. Já a Polícia Civil diz que as operações da instituição são baseadas em inteligência, investigação e ação, cumprindo as decisões judiciais do Supremo Tribunal Federal.