A empresa de navegação Mansur, responsável pelo navio que se chocou contra a Ponte Rio-Niterói, nesta segunda-feira (14), teve um imóvel penhorado. A penhora aconteceu porque a Justiça descobriu a intenção dos sócios em vender uma sala comercial, mesmo com um processo referente a uma dívida trabalhista de cerca de R$ 30 mil, em curso. O local fica na Avenida Marechal Câmara, no Centro do Rio.
Além disso, a empresa ainda deve uma indenização de pouco mais de R$ 80 mil a dois trabalhadores, resgatados de condições análogas à escravidão do navio Graneleiro São Luiz, mesma embarcação que bateu em um pilar de sustentação da ponte.
O resgate aconteceu em novembro de 2021 e foi realizado por auditores fiscais da Superintendência Regional do Trabalho do Rio de Janeiro (SRT/RJ).
Os trabalhadores nunca tiveram a carteira de trabalho, nem contrato assinados pela empresa, assim como também não receberam 13º salário e férias.
A operação foi deflagrada a partir de uma denúncia de que os dois marinheiros estavam trabalhando em situação degradante no Navio São Luiz, ancorado na Baía de Guanabara. Nos depoimentos prestados ao MPT-RJ, os trabalhadores afirmaram que trabalhavam em escala de embarque 15x7, não tinham a CTPS assinada e recebiam abaixo do piso salarial da categoria, além de nunca terem recebido 13º ou férias.
Em depoimento, os trabalhadores afirmaram que o navio não tinha energia elétrica e à noite utilizavam velas, além de baterias de carro e caminhão para iluminar o local. Em razão do calor nos camarotes, dormiam de porta aberta. Armazenavam água do mar ou da chuva para descarga. Não recebiam vale-transporte e quando desembarcavam iam para casa por conta própria.
A Navegação Mansur foi fundada em 1966 e está instalada no Rio e é proprietária da embarcação de 42 mil toneladas, construída em 1994 e que está desde abril de 2016 na área de fundeio 2F06, na Baía de Guanabara.
A Mansur S/A é parte de dezenas de processos judiciais, tanto na esfera estadual como federal, em disputas trabalhistas e empresariais.