Antes da estreia da seleção brasileira na Copa do Mundo, no Catar, uma data antecede as comemorações: o Dia da Consciência Negra. As datas em si podem não ter relação, mas quando observados os casos de racismo dentro de campo ao longo da história do futebol, tudo passa a fazer sentido.
Dados do Observatório da Discriminação Racial no Futebol apontam que, entre 2016 e 2019, os índices de discriminação cresceram ano após ano. Em 2020, houve uma queda de 50% nas taxas, devido à ausência de jogos com torcidas.
No entanto, bastou o retorno aos estádios para que os números voltassem a crescer: mesmo com menor presença de público nos jogos, em 2021, foram 158 registros, um recorde de discriminação e preconceito no esporte brasileiro.
O preconceito e o racismo foram traços que marcaram a história do futebol. Historiador e colunista da BandNews FM, Milton Teixeira recorda que, no passado, os jogadores precisavam se pintar de branco para garantir vaga nos clubes esportivos.
Você já ouviu falar em Zózimo Alves Calazans?
O jogador negro do Bangu, time da Zona Oeste do Rio, levantou duas taças de Copa do Mundo com a seleção brasileira, em 1958 e 1962, mas poucos sabem quem foi o atleta. De acordo com o jornalista e torcedor do Bangu Fábio Menezes, Zózimo era alguém à frente de seu tempo.
Diferente de Zózimo, Pelé conseguiu perpetuar seu legado na história, apesar da discriminação. Na década de 1960, o termo "crioulo" era usado frequentemente para se referir ao jogador. Aliás, dentro de campo, Pelé enfrentou preconceito até mesmo na forma de jogar.
Se o racismo esteve presente na história, infelizmente, ele se perpetua na atualidade. Além disso, a questão transcende, até mesmo, os estádios. Recentemente, o ex-jogador Carlos Alberto, comentarista do programa "Os Donos da Bola" na TV Band, foi alvo de racismo nas redes sociais durante uma transmissão do programa esportivo. Além desse episódio, o comentarista recordou outro momento em que o racismo esteve presente.
Somente até outubro deste ano, foram registrados mais de 70 casos. A expectativa é de que o índice seja ainda maior do que o do ano passado.