A Secretaria Estadual de Saúde do Rio planeja realizar uma campanha de intensificação de vacinação contra o sarampo e poliomielite em crianças menores de até 4 anos, entre os dias 7 de novembro e 2 de dezembro. O Estado pretende também realizar quatro dias de busca ativa às crianças que ainda não se vacinaram contra as doenças.
No entanto, a iniciativa depende da entrega de 450 mil doses de vacina contra a poliomielite e 300 mil doses da tríplice viral, que protege contra a rubéola, sarampo e caxumba. O pedido foi feito ao Governo Federal no dia 14 de outubro.
O planejamento para a campanha de vacinação se dá com as baixas coberturas vacinais no Estado contra o sarampo e a pólio. Em 2021, a poliomielite atingiu 54% da cobertura prevista. Também no ano passado, a Tríplice Viral apresentou cobertura vacinal de 58% para a primeira dose do imunizante e 37,6% para a segunda aplicação. Neste ano, a cobertura da pólio está em 33%, enquanto a primeira dose da Tríplice Viral registra 41% na primeira aplicação e 27,3% para a segunda.
Mesmo com a pretensão de realizar a campanha de vacinação a partir de novembro, o secretário de Estado de Saúde, Alexandre Chieppe, destaca que as vacinas estão disponíveis nos postos de saúde.
''É importante deixar muito claro que as vacinas continuam disponíveis nos postos de vacinação. A pólio é uma doença muito grave, mas está controlada. No entanto, observamos nos últimos anos que a cobertura vacinal está caindo. É importante que os responsáveis levem as crianças para se vacinar. Hoje, mais do que nunca, nesse mundo globalizado em que vivemos, é extremamente importante imunizar as crianças contra todas as doenças'', afirma o secretário.
Para a especialista em gestão de saúde Chrystina Barros, os vírus ainda circulam no mundo e podem voltar de forma mais grave ao Brasil, caso as coberturas vacinais não subam.
''Nós já temos a pólio erradicada há mais de 30 anos e perdemos o certificado do sarampo por baixa cobertura vacinal. Estamos correndo um grande risco de volta da pólio, porque não estamos conseguindo levantar a cobertura vacinal. O vírus existe no mundo e, como aprendemos com a Covid-19, eles não conhecem fronteiras. Se a doença voltar, o controle é muito mais difícil. As sequelas são irreversíveis. Abrir mão das vacinas pode nos custar um preço muito alto'', diz a especialista.
Além da ideia de promover a campanha de vacinação, o Estado discute com os municípios outras ações para promover a adesão da população à vacinação. O objetivo é evitar a entrada e circulação do vírus da pólio nas cidades.
A capital fluminense começou no último dia 17 de outubro uma busca ativa das crianças que ainda não se imunizaram contra as doenças. A procura pela vacinação contra a pólio aumentou 134% no primeiro dia da iniciativa. O Rio tem 140 mil crianças não imunizadas contra a poliomielite. cobertura vacinal contra a pólio está em 55%, a menor dos últimos 30 anos na cidade.
Em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, a cobertura vacinal contra poliomielite está em 48,6% do público alvo na vacinação de rotina e 53% da vacinação da Tríplice Viral. O Ministério Público do Rio instaurou inquérito para apurar a baixa adesão à campanha de vacinação no município.
A situação não é diferente na Região Serrana do Estado. Em Petrópolis, a cobertura vacinal contra a pólio é de 54% e 65,8% da primeira dose da Tríplice Viral.
No Brasil, a cobertura vacinal da pólio neste ano está em 45%. No ano passado, terminou em 70%. A última vez que passou de 90% foi em 2016, quando foi registrado 95% da cobertura vacinal contra o vírus. O país registra 48% da cobertura vacinal da Tríplice Viral. Em 2019, o Brasil perdeu o certificado de eliminação do sarampo, concedido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) três anos antes.
Procurado, o Ministério da Saúde ainda não se posicionou.