BandNews FM Rio de Janeiro

Sem ares-condicionados, temperaturas em escolas do Rio chegam a quase 40ºC

Situação contribui para problemas no aprendizado e déficit na educação

Por Carlos Briggs

Sem ares-condicionados, temperaturas em escolas do Rio chegam a quase 40ºC
Escolas do Rio enfrentam problemas com falta de ares-condicionados
Reprodução/Prefeitura do Rio

Alta temperatura, baixo aprendizado. A proporção direta já foi comprovada por pesquisadores da renomada universidade de Harvard, nos Estados Unidos, mas pode ser constatado também em Nova Iguaçu, no Colégio Estadual Prof.ª Evangelina Soares de Moura, na Baixada Fluminense.  

A distância da escola para o estado de Massachusetts, onde fica a universidade norte-americana, é de quase 8 mil quilômetros. Mas uma questão aproxima as duas instituições de ensino: a unidade escolar na Baixada comprova a teoria dos pesquisados de Harvard de que calor não combina com boa performance dos estudantes.  

De acordo com os professores do colégio, a unidade de ensino está entra as escolas que mais reprovaram os alunos no ano passado. E dentro do prédio, as salas de aula não contam com aparelhos de ar condicionado, nem sequer ventiladores.

O prédio não tem laje e o telhado é de amianto, transformando o espaço em uma verdadeira estufa.

Cansados de denunciar o problema, sem resultados práticos, os alunos levaram um termômetro para medir a temperatura do ambiente do colégio. Nesta semana, o aparelho marcou 36 graus dentro das salas de aula. Um profissional que trabalha na escola, que teve a identidade preservada e a voz distorcida, diz que o local é insalubre para os estudantes e profissionais.

Especialistas sabem as consequências de um ambiente inapropriado para o processo de aprendizado. A pedagoga Mariana Freitas destaca que o calor traz prejuízos à concentração e à memória.

A consequência foi lógica: Secretaria de Estado de Educação informou que o Colégio de Nova Iguaçu não conseguiu a validade para a análise pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, o IDEB. A participação dos alunos na prova necessária, do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica, não atingiu o percentual mínimo exigido, de 80%.

O estudo da Universidade de Harvard sinaliza um dos motivos do desinteresse: dificuldade de aprendizado. Os pesquisadores norte-americanos concluíram que os estudantes que viviam em dormitórios sem ar-condicionado tiveram pior desempenho em uma série de testes cognitivos, em comparação com estudantes que viviam em locais climatizados. Ainda de acordo com a pesquisa de Harvard, o tempo de resposta dos estudantes submetidos ao calor é cerca de 15% mais longo do que o daqueles em condições climáticas mais adequadas. Ainda segundo os pesquisadores, 20 graus Celsius é a temperatura indeal para um ambiente de aprendizado.  

Em nota, a Secretaria de Estado de Educação informou que o Colégio Prof.ª Evangelina Soares de Moura está em fase de adequação elétrica para suportar a nova demanda de carga dos aparelhos. O comunicado ainda acrescenta que a direção da unidade está providenciando a coleta de propostas comerciais para a realização da adequação necessária à instalação dos aparelhos e que este processo é necessário para prosseguir com a instalação dos equipamentos.

A pasta ainda acrescentou que a escola desenvolve um trabalho em busca da melhoria nos resultados, como os projetos Vamos e Raiz, que buscam trabalhar as dúvidas dos alunos e fortalecer a participação deles em sala de aula.

Mais notícias

Carregar mais