"Vigilantes de geradores" da Ilha do Governador denunciam condições de trabalho

Os profissionais realizam um turno de doze horas ao lado dos equipamentos para evitar que os cabos sejam violados ou roubados

Por Daniel Henrique

"Vigilantes de geradores" da Ilha do Governador denunciam condições de trabalho
"Vigilantes de geradores" da Ilha do Governador denunciam condições de trabalho
BandNews FM

Funcionários de uma empresa contratada pela Light para fazer a segurança dos geradores instalados na Ilha do Governador, na Zona Norte do Rio, denunciam as condições de trabalho.

Os profissionais são identificados como 'Controladores de acesso' e realizam um turno de doze horas ao lado dos equipamentos para evitar que os cabos sejam violados ou roubados.

No entanto, uma funcionária que preferiu não se identificar e teve a voz distorcida, relata que a empresa ALFASEG não oferece condições mínimas para que o período de trabalho seja realizado, dependendo, por muitas vezes, da ajuda dos próprios moradores da região.

Nós recebemos uma refeição, que não tem horário pra chegar. Ela chega cinco horas da tarde e pra alguns nem chegaram. A gente não tem água, não temos um banheiro. A gente tem que pedir pela ajuda de moradores ou fazer nossas necessidades até mesmo na rua, igual bicho. Então as condições são precárias, afirma a funcuionária.

Segundo os funcionários, a diária pelo serviço é de 140 reais com direito à refeição. A promessa da empresa era a de que o pagamento seria feito semanalmente, dinheiro que ainda não foi recebido por outro funcionário, que também teve a voz distorcida.

A folha fechava no domingo e o pagamento acontecia de quarta à sexta-feira. Então a gente trabalhava quinze dias e recebia sete. Dentro de uma semana eu trabalhei 84 horas, de terça à domingo. E segunda-feira, dia 29, foi meu último dia. Eu decidi não continuar porque a empresa não dava nenhum tipo de suporte em questão de passagem, cobertura de rendição de almoço. Eu tinha que ficar ao lado do gerador diversas horas, era obrigação, porque a Light poderia passar, e se a Light passasse e não visse o vigilante no posto, a Light poderia reportar e o vigilante perder o dia de trabalho, diz o funcionário.

Sem o pagamento, eles contam que um funcionário precisou dormir no vestiário do próprio hospital em que fazia a vigilância do gerador, já que não tinha dinheiro suficiente para voltar para casa e retornar no dia seguinte, e que ao pedir uma refeição, a empresa se negou a dar.

Em um áudio enviado aos funcionários, um supervisor da empresa pede para que os vigilantes não digam nada além do próprio nome ao serem questionados pelos fiscais da Light, que passavam pelos geradores para conferir se estavam sendo supervisionados.

Pessoal do grupo, bom dia! Deixa eu falar com vocês, quem passar da Light, se ele chegar no posto e pedir seu nome, a única coisa que você vai dar é o nome. 'Você trabalha há quanto tempo aqui na ALFASEG? Você tá tendo comida? Você tá tendo rendição? Você vai virar pra ele e vai falar 'Senhor, liga pro meu coordenador'. E ponto. Não fala mais nada. Só isso, pra todo mundo, tá bom?

A Ilha do Governador passa por problemas no fornecimento de energia. Além da instabilidade no serviço, moradores denunciam que os geradores colocados na região apresentam problemas.

No início do ano, a Light também utilizou os equipamentos na região por conta de falhas no serviço. Em março, a BandNews FM também denunciou as más condições de trabalho dos funcionários contratados pela empresa, após a situação ser divulgada pelo Sindicato dos Vigilantes do Município do Rio.

Em nota, a Light diz que está apurando a denúncia e cobrando esclarecimentos da empresa de segurança. Além disso, a concessionária afirma que exige que os prestadores de serviços sigam as legislações vigentes sob pena de cancelamento do contrato.

A reportagem tentou contato com a ALFASEG, mas não obteve resposta. 

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