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Paraskevi, do MasterChef, diz como sofreu 18 abortos: "Não era para ter filhos"

Participante grega do programa da Band abre o coração e revela ter feito os melhores tratamentos para conseguir ser mãe. Assista à entrevista exclusiva!

Felipe Pinheiro

Participante da 9ª temporada do MasterChef, Paraskevi Kotta, de 51 anos, tinha o sonho de ser mãe. Ela e o marido, que estão juntos há 33 anos, falavam em quatro filhos, mas não conseguiram. Ao Band.com, a escritora e organizadora de eventos conta ter sofrido mais de 18 abortos durante cerca de 20 anos.

Há pouco mais de 10 anos, Paraskevi desistiu de tentar ser mãe após uma série de tentativas. Nascida em Tessalônica, na Grécia, ela afirma que recorreu a muitos tratamentos médicos no país europeu e demorou para descobrir que era portadora de uma síndrome rara, o que a impossibilitava de concluir a gestação.

“Sempre quisemos ter muitos filhos porque amamos o valor da família. Falávamos desde o começo em quatro filhos, mas infelizmente tive muitos abortos. Muitos. Foram mais de 18 abortos. Depois pensei, a vida não é só estar casada ou ter filhos”, diz. 

A vida é boa e precisamos aproveitá-la, valorizando-a como Deus nos ofereceu. Para a gente não era para ter filhos, mas tenho mais de 18 filhos de coração e isso acho muito bonito.


“Gerava o bebê e abortava”


De acordo com Paraskevi, essa síndrome faz com que ela produza uma taxa extremamente elevada de anticorpos, ocasionando uma alteração em seu sistema imunológico. “É por isso que quase não fico doente, por exemplo”, explica. Quando engravidava, o feto era rejeitado pelo próprio organismo como “corpo estranho”. 

“Fiz tudo o que precisava para ter um filho e tratamentos com os melhores médicos da Grécia. Eu gerava o bebê e depois sofria o aborto. Era um aborto muito rápido, às vezes de gêmeos. Quando eu ficava grávida, o meu corpo achava que não era algo bom”, afirma. 

Sorridente, divertida e disposta a ajudar, Paraskevi aprendeu com o próprio drama pessoal que poderia fazer a diferença na vida de outras mulheres. 

“Precisamos abraçar a vida como ela está escrita para a gente. Valorizar, amar e continuar sendo felizes. O passado existe para termos lições e para ajudar outros que passam por coisas parecidas”, declara. 


Missão de ajudar


Uma das causas que Paraskevi abraçou após se mudar para o Brasil foi com mulheres vítimas de abusos sexuais. Ela decidiu fazer algo após ouvir relatos que a impressionaram. 

“Deus colocou no meu coração como poder ajudar. Sou muito organizada, fiz carreira de business e cursos para saber como ajudá-las. São mais de 80 mulheres e as ajudamos com palestras on-line, encontros. Também temos psicólogos”, explica. 

Paraskevi vê como sua missão se solidarizar com a dor do outro e fazer algo para contribuir. 

No mundo que vivemos depois da pandemia as pessoas estão muito só. E a nossa missão é abraçar e falar, estou aqui para você. Estamos aqui para te escutar", afirma. 

Acho que é por isso que Deus quis que eu estivesse no Brasil, para ajudar essas mulheres.
 


Grega? “Gente, sou brasileira!”


Paraskevi, ou Voule como é carinhosamente chamada pelos amigos do MasterChef – entenda por que ela recebeu esse apelido – , visitou o Brasil pela primeira vez para conhecer um querido tio de seu marido. O casal de turistas gregos se encantou pelo país e planejou a mudança, que viria a acontecer há quase 10 anos. 

“O meu sangue é grego e isso nunca vou mudar. Sou grega, mas no meu coração me sinto brasileira. Quando entro no uber, em uma loja ou quando falo bom dia, todos entendem que sou estrangeira. Fico brava quando me tratam como estrangeira. Gente, eu sou brasileira! (risos). Mas de verdade, sempre me abraçaram com muito amor e nunca me senti como estrangeira”, afirma. 

Comunicativa e fácil de fazer amizades, Paraskevi aprendeu português sozinha. “Só tenho dificuldade com a gramática, e falar passado e futuro”, reconhece. Em relação à adaptação cultural, diz ter tirado de letra. Por que se apaixonou pelo Brasil? Ela explica: 

“Os gregos são um povo muito alegre, assim como os brasileiros. O que me emociona muito é o que vi muitas vezes: pode ser uma família com só um pãozinho, mas se sabe que o vizinho com três, quatro filhos, não tem comida, essa família vai dividir o pãozinho com o vizinho. É o único povo do mundo que faz isso. Vocês são incríveis”. 

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