Campeão da temporada 2021 da Fórmula Indy e candidato ao título de 2023, Álex Palou se consolidou no automobilismo internacional e virou um nome potencialmente atraente para o grid da Fórmula 1. Mas as pontes queimadas complicaram em pouco tempo as chances do espanhol e dificultaram uma transição das pistas dos Estados Unidos para as da Europa.
A história começa em julho de 2022, quando a McLaren anunciou a contratação de Palou. Em 2023, o espanhol correria pela operação da equipe na Indy, ao mesmo tempo em que testaria carros da F1. A história, no entanto, já começou com o pé errado.
O catalão era titular da Chip Ganassi, que havia anunciado pouco antes que exerceria uma opção contratual para renovar o compromisso com Palou até o fim de 2023 – originalmente, o acordo iria até o fim de 2022. Contrariado, o piloto comunicou nas redes sociais que não pretendia permanecer no time. O caso foi parar nos tribunais.
Em setembro de 2022, as partes anunciaram um acordo que garantia Álex Palou correndo pela Ganassi em 2023. O espanhol, porém, poderia continuar trabalhando normalmente pela McLaren na Fórmula 1. Naquele ano, estreou na F1 participando de uma sessão de treino livre do GP dos Estados Unidos. Em 2023, foi anunciado como piloto reserva da escuderia caso Lando Norris ou Oscar Piastri precisassem se ausentar de provas. Em junho, Palou chegou a testar o modelo MCL21 (da temporada 2021) com Piastri na Hungria.
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Mas veio nova reviravolta. Em agosto, inesperadamente, o espanhol avisou à McLaren que não pretendia honrar o compromisso com a organização, tanto na Indy quanto na F1. As conversas originalmente eram privadas, mas vazaram. O CEO da organização, Zak Brown, não gostou, e o nome do catalão voltou aos tribunais.
“Temos um contrato, então agora entramos com um processo legal contra ele na última semana nos tribunais de Londres, como pessoa física e como pessoa jurídica. Deixaremos os procedimentos legais conduzirem a situação daqui para frente”, afirmou Brown durante o fim de semana do Grande Prêmio da Holanda, segundo declarações reproduzidas pelo jornal Daily Mirror.
“Tínhamos uma boa relação. Ele pessoalmente não conversou comigo, o que é um pouco decepcionante diante de tudo que fizemos por ele e das oportunidades que demos. Não acho que sua decisão tem algo a ver com a McLaren, já que nossa relação era muito forte.”
“Então, estou decepcionado por ver como Álex conduziu isso a nível pessoal. Nossa relação com nossos pilotos é algo que a McLaren leva muito a sério, e acho que fazemos um bom trabalho criando um ambiente familiar para nossos pilotos. Uma decepção dessas é bastante frustrante”, completou Brown.
Inicialmente, Álex Palou evitou declarações a respeito da situação. Mas rompeu o silêncio recentemente para comentar a situação.
Nos comentários, Palou apenas se esquivou e não deu pistas sobre seu futuro, mantendo o mistério. No começo de agosto, o catalão era especulado em equipes da Fórmula 1 como Williams e AlphaTauri.
“Talvez um dia eu escreva um artigo, talvez um livro, e todo mundo saberá o que aconteceu em 2022 e 2023, a cada mês. Mas, por enquanto, não vou dar muitas declarações”, disse, de acordo com o site PlanetF1. “Talvez depois da temporada eu possa sentar e explicar um pouco mais. Acho que não ajudaria ninguém se eu fizesse isso agora.”
O piloto da Chip Ganassi afirmou que tem conversado com advogados e que vem tentando se manter distante das questões judiciais para poder se concentrar apenas nas corridas. “Sei de tudo que está acontecendo e não me afasto disso, mas não há nada que eu possa fazer, digamos”, resumiu.
Com 15 das 17 etapas da temporada da Indy já disputadas até aqui, Palou lidera o campeonato de 2023 com 565 pontos, contra 491 de Scott Dixon e 440 de Josef Newgarden. Mas tudo indica que, diante de tantos (e tão misteriosos) problemas, o catalão não é mais tão cotado entre as equipes da F1 – a Indy, é claro, agradece.
“Ele demonstrou na Indy e conosco que é um piloto completo, mas não tenho mais certeza se um dia veremos isso”, vaticinou Zak Brown.
Emanuel Colombari é jornalista com experiência em redações desde 2006, com passagens por Gazeta Esportiva, Agora São Paulo, Terra e UOL. Já cobriu kart, Fórmula 3, GT3, Dakar, Sertões, Indy, Stock Car e Fórmula 1. Aqui, compartilha um olhar diferente sobre o que rola na F-1.