O ex-piloto de Fórmula 1, Felipe Massa, falou neste sábado sobre o processo que move na Justiça contra a FIA, a F1 e o ex-chefão da categoria Bernie Ecclestone, pelo título do campeonato de 2008, vencido por Lewis Hamilton. Presente no E-Prix de São Paulo da Fórmula E, realizado no Sambódromo do Anhembi, Massa se encontrou com Ecclestone, convidado da categoria para a prova.
Em entrevista exclusiva ao repórter Thiago Fagnani, da Band, o piloto brasileiro disse que já conversou com Ecclestone sobre a ação judicial e diz que está lutando pela justiça do esporte, pelo o que é correto.
“Já encontrei com ele [Ecclestone], já conversei com ele sobre o assunto. Já conversei com ele antes de tudo aquilo que aconteceu. Eu estou lutando pela justiça do esporte, lutando pelo o que é correto. Essa é a minha luta. Como eu disse a ele, e digo a todo mundo, agora não cabe mais a mim e sim aos advogados. É uma equipe grande, preparada para isso e vamos lutar até o final pelo o que é correto”
Advogados representando Felipe Massa abriram um processo nesta segunda-feira (11) em Londres contra a Formula One Group, empresa responsável pela administração e pela realização do campeonato de Fórmula 1. Bernie Ecclestone, ex-CEO da empresa, e a FIA também são alvos do processo.
Segundo os representantes de Felipe Massa, tanto Ecclestone quanto a FOM falharam na investigação do Grande Prêmio de Singapura de 2008. Na ocasião, Nelsinho Piquet sofreu um acidente proposital para beneficiar seu companheiro de equipe na Renault, Fernando Alonso, que venceu a prova.
Massa terminou a prova no 13º lugar com a Ferrari, enquanto Lewis Hamilton foi terceiro com a McLaren e somou seis pontos. Ao fim da temporada, Hamilton superou Massa por um ponto e conquistou o título.
Na ação, o piloto brasileiro busca uma indenização, além do reconhecimento por parte da FIA (Federação Internacional de Automobilismo) de que uma investigação na época teria dado a ele o título da temporada 2008.
Singapuragate: entenda o caso
A história começa em 28 de setembro de 2008, no Grande Prêmio de Singapura daquele ano. Lewis Hamilton (McLaren) e Felipe Massa (Ferrari) disputavam a liderança da temporada, com vantagem de um ponto para o britânico: 78 a 77.
Massa foi pole position em Singapura e liderava com boa margem até a volta 14, quando Nelsinho Piquet (Renault) rodou sozinho, bateu e provocou a entrada de um safety car. Os pilotos aproveitaram para entrar nos boxes. Fernando Alonso (Renault), que havia entrado nos boxes antes do acidente, levou a melhor e assumiu a liderança.
No fim, Alonso venceu a corrida, com Hamilton em terceiro. Massa teve problemas com uma parada nos boxes e terminou em 13º, sem pontuar. No fim do ano, o britânico foi campeão com um ponto de vantagem (98 a 97) para o rival da Ferrari.
No ano seguinte, veio à tona a informação de que o acidente de Nelsinho Piquet foi proposital para favorecer Fernando Alonso. Vários envolvidos foram punidos, e Nelsinho encerrou sua trajetória na Fórmula 1.
Em entrevista ao site F1 Insider no primeiro semestre de 2023, Bernie Ecclestone afirmou que a categoria sabia dos detalhes a respeito do acidente do GP de Singapura ainda em 2008, mas optou por não tomar medidas para evitar um desgaste administrativo. Mais tarde, o dirigente disse não se lembrar das declarações da entrevista.
“Decidimos não fazer nada, queríamos proteger a F1 e salvá-la de um escândalo. Havia uma regra que dizia que a posição de um campeão mundial era intocável após a cerimônia de premiação da FIA (Federação Internacional de Automobilismo). Assim, Hamilton recebeu a taça e tudo ficou bem. Mas tínhamos informações suficientes naquele momento para investigar o assunto. Segundo o regulamento, devíamos ter anulado a corrida em Singapura por essas condições”, afirmou o ex-CEO da Fórmula 1.
Pouco depois, Massa anunciou a intenção de levar a decisão da temporada 2008 aos tribunais. Em agosto, amparado por advogados, o piloto brasileiro enviou uma carta à FIA e à F1 para anunciar a intenção de ajuizar o caso. O envio da carta é um ato obrigatório para que as autoridades britânicas abram processos do tipo, simbolizando um aviso às partes envolvidas.
A FIA tinha até 8 de setembro para se manifestar, mas os dois lados concordaram em prorrogar o prazo até 12 de outubro. Os advogados de Massa pediram ainda que tanto a Ferrari quanto a Alpine (sucessora da Renault na F1) preservem documentos, e esperam contar com o apoio do próprio Hamilton na defesa do caso.
E Hamilton? Questionado a respeito em agosto, esquivou-se. “Honestamente, eu não estou muito por dentro. Eu vi algumas manchetes na imprensa, mas não é algo que eu esteja focado no momento. Eu estou focado na temporada atual, focado em fazer o melhor trabalho possível. Estou tentando não gastar muita energia com isso, porque eu realmente não sei do que se trata e até onde isso vai”, afirmou.