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Confusão no Flamengo: o que se sabe sobre soco de auxiliar de Sampaoli em Pedro

Pablo Fernández, preparador físico do técnico rubro-negro, agrediu o atacante após um desentendimento durante o aquecimento

Da Redação

Após a vitória do Flamengo por 2 a 1, de virada e fora de casa, sobre o Atlético-MG, na noite do último sábado (29), a equipe rubro-negra poderia comemorar a aproximação com o rival Botafogo no topo da tabela, já que a distância com o líder alvinegro caiu para nove pontos. No entanto, um episódio extracampo - e policial - entre o atacante Pedro e o preparador físico Pablo Fernández tomou conta do noticiário minutos depois do fim da partida, realizada na Arena Independência.

Com o apito final do embate entre cariocas e mineiros, os jogadores flamenguistas seguiram para o vestiário do Estádio Raimundo Sampaio, onde houve o desentendimento.

O membro da comissão técnica de Jorge Sampaoli - técnico do Flamengo - foi questionar o atacante por ter sentado no banco de reservas durante o aquecimento após as entradas de Luiz Araújo e Everton Cebolinha. Com o número limite de substituições realizadas, Pedro não poderia mais entrar na partida.

O camisa 9 do Flamengo retrucou o profissional, que não gostou da atitude do brasileiro e desferiu três tapas em seu rosto, antes de agredi-lo com um soco. Pedro, então, foi ao batalhão das Rondas Táticas Metropolitanas da Polícia Militar (Rotam) - que realiza a segurança do estádio -, e posteriormente à Central de Flagrantes da Polícia Civil, em Belo Horizonte, prestar corpo de delito e abrir um Boletim de Ocorrência.

O episódio atrasou o retorno do elenco carioca no Rio de Janeiro, já que a delegação do time deveria chegar no Aeroporto do Galeão por volta das 2h30 do domingo.

Pedro, que sofreu um corte na boca, finalizou sua denúncia às 3h30. Além dele, o atacante Everton Cebolinha, o volante Thiago Maia e o coordenador Gabriel Andreata também foram à delegacia para prestar depoimento nas condições de testemunhas.

Veja como ficou a boca de Pedro após agressão:

O argentino Pablo Fernandéz, em outro veículo e acompanhado do vice de futebol do Flamengo, Marcos Braz, também foi ao local para se explicar e dar sua versão sobre o ocorrido.

De madrugada, o delegado Marcos Pimenta conversou com a imprensa e deu detalhes do ocorrido:

Após o jogo, o atleta Pedro sofreu um golpe na face após uma breve discussão com o preparador físico. Ele questionou Pedro por não ter aquecido no segundo tempo. Pedro não gostou de ter sido interpelado, disse que não queria fazer o aquecimento e recebeu tapinhas no rosto do preparador. Pedro não gostou e tirou as mãos. Então, o preparador deu um passo para trás e desferiu um soco na face do jogador.

O delegado também informou que trata-se de um "caso leve" e que não há mandado de prisão expedido contra Pablo Fernandez, já que a pena, para este tipo de delito, é de multa. "Não há necessidade de prisão. Por isso, o preparador foi liberado e não houve prisão em flagrante", explicou.

Nas redes sociais, Pedro se manifestou e afirmou ter sido "covardemente, sem motivo e inexplicavelmente, agredido com um soco no rosto". "O que aconteceu hoje foi mais grave do que pode acontecer dentro das quatro linhas. Já passei por muitas provações aqui no Flamengo, mas nada se compara com a covardia sofrida hoje", completou o atleta.

Jorge Sampaoli, técnico do Flamengo, utilizou seu perfil no Instagram para se posicionar sobre o tema e e afirmou não acreditar na violência com solução para conflitos. 

Mesmo com a publicação em que expressa sua tristeza com o episódio, o comandante rubro-negro não condenou a atitude do preparador físico ou manifestou solidariedade ao atacante.

"Ofuscamos uma vitória impressionante com uma disputa interna cujas razões existem, mas neste momento não importam. [...] Todos nós temos o direito de cometer erros. [...] Não tenho dormido pensando em como ajudar Pedro e Pablo. Sei que vocês dois tiveram uma noite horrível. E que, aconteça o que acontecer, temos a obrigação de nos cuidar. Para unir. Para ser melhor. E colocar o Flamengo no topo."

Preparador pede desculpas

Em um tom de arrependimento, Pablo Fernandez emitiu uma nota em que pede desculpas ao atacante Pedro. Segundo o profissional, a agressão aconteceu após desavença com o atleta.

"Estive pensando sobre o que aconteceu por horas e gostaria de poder voltar no tempo. Mas não se pode. O que existe é o presente e o futuro. Isso é pedir perdão e tentar novamente. Todas as vezes que for necessário. Lamento e gostaria de corrigir."

Demissão e punição na Gávea

Na noite do último domingo (30), o Flamengo anunciou a demissão do preparador físico por não ter mais clima a sua continuidade no clube. Por outro lado, o técnico Jorge Sampaoli permanecerá no cargo. Há, no entanto, a expectativa de que o atacante Pedro sofra uma punição por conta da indisciplina no episódio.

Histórico de agressão

Nascido em Rosário, na Argentina, Pablo Cándido Fernández Tascón - profissional que trabalha junto a Jorge Sampaoli - tem 52 anos e acumula histórias conturbadas.

Com passagens por Athletic Bilbao-ESP, Sevilla-ESP, Celta de Vigo-ESP, Atlético-MG, Olympique de Marselha-FRA e Santos, o preparador físico já se envolveu em um episódio semelhante quando atuava no clube francês.

Em agosto de 2021, durante um jogo do Olympique de Marseille contra o Nice, houve uma confusão no gramado e Pablo foi flagrado desferindo um soco em um torcedor durante a briga.

A confusão generalizada e o comportamento agressivo de Pablo Fernandéz obrigaram a Liga Francesa de Futebol (LFP) - organizadora do campeonato local - a suspender o argentino de qualquer atividade profissional até o fim de temporada em questão, a 2021/22.

Processo contra o Santos

Com o fim da temporada 2019, a comissão técnica de Jorge Sampaoli optou por deixar o alvinegro praiano. No entanto, a saída dos profissionais foi marcada por confusões.

A diretoria do clube paulista alegou que a comissão técnica havia pedido demissão. No entanto, o ex-preparador físico do Peixe ingressou com uma ação na Justiça e alegou ter sido demitido.

Por isso, passou a cobrar o pagamento de R$ 1,6 milhão oriundos de rescisão contratual, aviso prévio, férias proporcionais e multas. Contudo, o argentino não obteve sucesso e, em abril de 2020, o preparador físico sofreu uma derrota na Justiça sobre o caso.

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