Futebol

Procurador do STJD: Textor pode ser banido se não mostrar provas de manipulação

Ronaldo Piacente afirma existe a possibilidade do dono da SAF do Botafogo ser excluído do esporte caso não comprove as acusações de manipulação de resultados e recebe denúncia com preocupação

Por Vinícius BatistaGustavo SolerPedro Ramiro

Dono da SAF do Botafogo, John Textor pode ser banido do futebol caso não apresente as provas de manipulação de resultados que denunciou nos últimos meses. A afirmação é do procurador-geral do Superior Tribunal de Justiça Desportiva, Ronaldo Piacente, em entrevista exclusiva ao programa +3 Pontos, do Esporte Na Band, nesta quinta-feira (4). O profissional deixou claro que o STJD pedirá à CBF e à Fifa a exclusão do cartola botafoguense do esporte se não conseguir confirmar as denúncias.

“Havendo a reincidência, e nós estamos atentos com isso, nós vamos também requerer na CBF a eliminação e também vamos fazer o pedido para ser estendido mundialmente através da Fifa. Se houver reincidência, nós vamos pedir a internacionalização da pena do John Textor e aí ele não poderia mais atuar como dirigente de futebol no mundo inteiro” - Ronaldo Piacente, procurador-geral do STJD.

O procurador-geral do STJD fez questão de destacar que o Tribunal vai apurar dois processos envolvendo denúncias feitas por John Textor. O primeiro deles será com relação a suposta corrupção da arbitragem no Campeonato Brasileiro - o qual o dono da SAF do Botafogo será julgado por não apresentar provas. O segundo está relacionado às novas declarações do cartola, que afirmou que jogadores do São Paulo e do Fortaleza estiveram envolvidos em manipulação de resultados de jogos contra o Palmeiras.

“São dois processos distintos. Há uma denúncia, que ele ainda será julgado pelo descumprimento da ordem do STJD, que determinou que ele juntasse as provas e (ele) não juntou. Ele vem em outro ato e faz uma nova declaração. Ele, em algum momento, será intimado em apresentar as provas. Se não apresentá-las novamente, o relator pode estudar a questão da reincidência."

Ronaldo Piacente também desmentiu John Textor, que havia dito na última quarta-feira (3), em entrevista após o jogo contra o Botafogo, de que havia apresentado as provas para o STJD. O procurador-geral do órgão, no entanto, revelou que a única evidência entregue foi o relatório de inteligência da empresa Good Game!.

A princípio, até o presente momento, o senhor John Textor somente traz alegações. Ele alega, coloca o campeonato em dúvida, a arbitragem, atletas, mas ele não traz prova nenhuma. Ao STJD, ele apresentou apenas um relatório de uma empresa particular que ele contratou para fazer algumas análises. Isso não é uma prova de manipulação”, afirmou.

O procurador-geral do STJD voltou a desmentir John Textor na questão de revelar os nomes dos possíveis envolvidos no esquema de manipulação de resultados. O cartola botafoguense chegou a afirmar que não poderia revelar os indivíduos que teriam praticado tais atos. Ronaldo Piacente, porém, discorda da declaração.

“A Lei Geral de Proteção de Dados ela é para particulares. Para a justiça em todo, não existe. Imagine então se alguém é preso e o delegado não pode dar o nome para a justiça. Não faz o menor sentido. Então ele tem a obrigação legal (de divulgar os nomes)”, iniciou o profissional.

“Inclusive, isso consta no Regulamento Geral de Competições, inclusive da Fifa. Qualquer pessoa que tomar conhecimento de corrupção e de manipulação de resultados tem o dever legal de comunicar isso. Então, ele (Textor) está descumprindo a lei em não informar (os nomes dos possíveis envolvidos”, completou.

Denúncia gera preocupação

Ronaldo Piacente também revelou em entrevista ao “+3 Pontos”, do Esporte na Band, que recebeu as denúncias de John Textor com preocupação. O procurador-geral do órgão disse que o assunto precisa ser resolvido e tratado com seriedade, mas também declarou que não divulgação das provas é outro ponto preocupante.

“A gente recebe com preocupação, porque se houve corrupção e manipulação, isso precisa ser resolvido, como foi no caso da Operação Penalidade Máxima em Goiás. Houve a investigação e conseguimos condenar todo mundo. Mas ao mesmo tempo nós vemos com preocupação a alegação sem provas. Tem dois lados que preocupam o Tribunal", adicionou.

Campeonatos passados podem ser anulados?

Ronaldo Piacente também comentou sobre a possibilidade dos Campeonatos Brasileiros passados serem anulados caso haja comprovações das denúncias de manipulação e corrupção apresentadas por John Textor. O procurador-geral do STJD ressaltou que a questão é complexa, mas que pode ser tratada como uma possibilidade.

"É uma questão que vai ter que ser estudada. Primeiro tem que saber se algum clube vai ingressar na Justiça Desportiva pleiteando algo e se seria uma questão de anular ou uma questão de indenização na justiça comum. Nós já vimos as duas coisas", finalizou.

Confira o programa +3 Pontos desta quinta-feira (4):

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