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Maradona morre aos 60 anos

Segundo o jornal Clarín, o craque argentino teve uma parada cardiorrespiratória

Da Redação

Maradona foi o herói argentino na Copa de 1986
Maradona foi o herói argentino na Copa de 1986
Reprodução/ Diego Maradona Group

Um dos maiores jogadores de futebol da história, Diego Armando Maradona morre, aos 60 anos, de parada cardiorrespiratória. A informação foi divulgada há pouco pelo jornal argentino Clarín. O jogador passou recentemente por uma complicada cirurgia no cérebro e parecia se recuperar bem. O astro argentino deixa duas filhas: Dalma e Giannina, está última é mãe do único neto, Benjamin, fruto de sua união com o atacante Sérgio Aguero.

Maradona foi o herói e capitão da seleção argentina campeã da Copa do Mundo de 1986. As imagens de dois gols do craque contra a Inglaterra ficaram imortalizadas no imaginário dos torcedores. No primeiro, ele disputa uma bola recuada com o goleiro e marca com a mão, no que ele chamou de mão de Deus. O segundo é uma obra prima, o jogador arranca da própria defesa e sai driblando todo o time da Inglaterra até balançar as redes. Os argentinos levantaram a taça em uma final disputada contra a Alemanha. Em 1990, Maradona levaria a Argentina para mais uma final contra a Alemanha, mas desta vez não levantaria a taça.

Nas ruas de Buenos Aires as pessoas gritavam no começo dessa tarde: “Gracias, Diego”. 

O presidente da Argentina, Alberto Fernández, prestou sua homenagem: “Você nos levou ao ponto mais alto do mundo. Nos fez imensamente felizes. Foi o maior de todos. Obrigado por ter existido, Diego. Vamos sentir sua falta por toda a vida.”

O ex-presidente Mauricio Macri, que também foi presidente do Boca Juniors, foi ao Twitter prestar suas condolências. “Um bia muito triste para todos os futebolistas, especialmente os argentinos. Serão inapagáveis as enormes alegrias que Diego nos deu”, disse ele. 

Jogadores brasileiros também lamentaram a morte do craque argentino nas redes sociais. O ex-atacante Romário destacou a amizade entre os dois.

Neto foi surpreendido pela notícia durante o programa Os Donos da Bola. “A gente fica muito triste. A vida da gente é muito rápida”, declarou o apresentador.

Pelé, que tinha uma relação de amizade e rivalidade ao mesmo tempo, demonstrou sua tristeza. “Eu perdi um amigo e o mundo perdeu uma lenda”, afirmou o atleta do século 20. Os atritos aconteceram pela rivalidade Brasil x Argentina e por alguns colocarem Maradona como o maior de todos os tempos do futebol. Os dois acabaram virando gritos de torcida na Copa de 2014.

 

Alguns jogadores em atividade também se despediram do argentino pelas redes sociais. Cristiano Ronaldo, um dos melhores jogadores da atualidade, chamou o craque de “gênio eterno”. Messi, considerado por muitos o sucessor de Maradona, deu apoio à família e disse que vai guardar todos os momentos lindos vividos com ele. Neymar destacou o legado do craque: “O futebol te agradece”.

Biografia no futebol

Diego Armando Maradona Franco nasceu no dia 30 de outubro de 1960 em Lanús, província de Buenos Aires, capital da Argentina. 

Com dez anos, entrou para a equipe infantil do Argentino Juniors, onde já demonstrava qualidade acima do normal para a idade. E já tinha como meta disputar uma Copa pela Argentina e levantar a taça.

Aos quinze anos, se tornou profissional e, aos dezesseis, estreou pela seleção argentina em uma partida contra a Hungría.

Em 1979, conquistou a Copa do Mundo Sub-20 com a equipe nacional e foi o principal jogador da competição. 

Em 1981, deixou o Argentino Juniors para atuar pelo Boca Juniors, sendo campeão no primeiro ano no clube mais popular do país vizinho. No entanto, a história no time do coração durou só um ano e, em oitenta e dois, Maradona se transferiu para o Barcelona e depois para o Napoli em 1984.

Foi na Itália onde obteve mais sucesso e reconhecimento mundial. Na apresentação, foi recebido por setenta mil pessoas no estádio San Paolo. Conquistou o título italiano em oitenta e sete e, dois anos depois, a Copa da UEFA ao lado do atacante brasileiro Careca a quem chamava de Antônio. Uma amizade que continuou fora dos campos.  

Depois do Napoli, vestiu a camisa do Sevilla. Pelo time espanhol, atuou no estádio do Morumbi em amistoso contra o São Paulo de Raí. Após a partida vencida pelo São Paulo por 2 a 0, Maradona considerou o resultado justo e fez questão de abraçar o técnico Telê Santana.

Maradona passou ainda pelo Newell's Old Boys e voltou para o Boca em 1995.

Em 97, com trinta e seis anos de idade, joga a última partida como profissional.  

Em 2001, no estádio La Bombonera, realizou um jogo de despedida onde fez um discurso emocionante e admitiu erros e declarou amor eterno ao futebol.  

Herói da seleção

Pela seleção Argentina, Maradona disputou noventa e uma partidas e marcou trinta e quatro gols. Jogou quatro Copas do Mundo e foi campeão em 86, liderando a Argentina no bicampeonato.

No jogo das quartas de final, na vitória de 2 a 1 sobre a Inglaterra, as jogadas de Maradona entraram também para a história. Primeiro, o gol de mão que foi apelidado de "La Mano de Díos". Depois, marcou o que para muitos é o mais belo gol da história das Copas em  uma arrancada de sessenta metros, driblando cinco jogadores ingleses.

Carreira como treinador

Após a aposentadoria dos gramados, Maradona se tornou técnico de times argentinos como o Racing. Passou pelo futebol dos Emirados Árabes e México. O clube mais recente foi o Gimnasia y Esgrima. Dirigiu a seleção argentina de 2008 até a Copa de 2010.  

Escândalos com doping e uso de drogas

Fora dos campos, a vida de Maradona também foi marcada por polêmicas.

O primeiro doping por uso de cocaína foi em 1991, ainda no Napoli, quando foi punido com três meses de suspensão. No mesmo ano, foi pego em outro exame e levou outra pena por quinze meses.

Na Copa de 1994, o exame deu positivo para o uso de efedrina, uma substância estimulante. Maradona foi expulso da competição.

Ele fez tratamento de reabilitação em Cuba entre 2000 e 2005. O astro sempre falou com arrependimento sobre o uso de cocaína.

Ao longo da vida, ficou marcado por enfrentamentos com a imprensa e declarações contra os líderes da FIFA. Ele também teve atritos com Pelé, diante da rivalidade existente entre Brasil e Argentina.

A primeira crise em que Maradona foi internado foi em 2000, após ter tomado um coquetel de remédios em Punta del Este, no Uruguai. Outra foi em 2004 quando ele passou mal em uma partida do Boca Juniors, foi levado às pressas para o hospital com problemas cardíacos e infecção pulmonar. Nessa ocasião, foi constatada overdose de cocaína; ele ficou em coma e chegou a respirar com a ajuda de aparelhos.

O abuso de álcool o levou a uma crise hepática em 2007 quando, segundo ele, já estava livre da cocaína.

Maradona, nos últimos dias, depois do aniversário de 60 anos, se mostrou depressivo e foi internado com quadro de anemia e desidratação.

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