Jamal Suleiman, infectologista do Instituto Emílio Ribas, criticou neste sábado (30) em entrevista ao Jornal Gente a falta de incentivo à ciência no Brasil, o que, segundo ele, apenas foi escancarado com a pandemia do coronavírus e a busca por vacinas.
“Não há uma política de Estado pela ciência. Isso é fato, não sou eu falando. Durante um tempo tem certo investimento; entra outro governo, escasseia. A primeira coisa a ser interrompida sempre será em áreas que não são consideradas prioritárias”, disse.
“Dois anos atrás ouvimos a proposta [do atual governo]. A prioridade seria com profissionais que possam estudar para ter um trabalho e levar dinheiro para casa. A proposta desse governo é ter indivíduos que façam cursos lucrativos. Ciência básica não visa lucro. Visa respostas para a humanidade (…). E a vacina é a última fase do processo. Tem muita coisa de ciência básica antes”, completou.
Segundo o infectologista, a população deveria pressionar os governantes para que as prioridades se invertessem, assim como deveria começar a pensar em como pretende encarar as próximas eleições.
“Precisamos pressionar para que a ciência seja estratégia de Estado. Essa não vai ser a última situação que vamos vivenciar neste século. O homem invade sistemas, vai acabar emergindo outra zoonose, outra pandemia que vai trazer problemas graves. É fundamental que as pessoas entendam que investimento em ciência básica é caro, demora, exige dedicação, mas é um investimento para todos (…). Daqui a pouco tem eleição. As pessoas precisam pensar nisso.”