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De guerras à pandemia: veja pontos marcantes da trajetória de Elizabeth II

Rainha viveu momentos de protagonismo histórico e evolução da sociedade ocidental

Da Redação

A Rainha Elizabeth II morreu nesta quinta-feira (8), aos 96 anos. Em junho, a Grã-Bretanha celebrou os 70 anos da Rainha Elizabeth no trono com quatro dias de celebrações, em homenagem à monarca mais antiga do Reino Unido.

Elizabeth Alexandra Mary nasceu no dia 21 de abril de 1926, na Rua Bruton, em Mayfair, Londres. Aprendeu artes, música, equitação e a nadar. Sua atuação, porém, foi além do de comportamento.

A soberana de 96 anos teve o segundo reinado mais longevo da história do Ocidente, ficando atrás apenas do Rei Luís XIII da França, que esteve no poder por 72 anos.

Com isso, ela viveu momentos de protagonismo nas páginas mais importantes da história moderna. Em sete décadas seu reinado atravessou a Guerra Fria, sucessivas crises, entrou e saiu da União Europeia e enfrentou uma pandemia global.

Segunda Guerra Mundial

Elizabeth tinha 13 anos quando a Segunda Guerra Mundial começou, em 1939, e permaneceu na Grã-Bretanha apesar dos bombardeios alemães.

Em outubro de 1940, quando a Grã-Bretanha sofria a pior onda de bombardeios alemães, com apenas 14 anos Elizabeth fez seu primeiro pronunciamento público transmitido pelo rádio. A fala teria sido solicitada pelo então primeiro-ministro Winston Churchill para encorajar a nação e sensibilizar aliados.

"Nós, crianças, estamos em casa, cheias de alegria e coragem", disse. "Estamos tentando fazer tudo o que podemos para ajudar nossos audazes marinheiros, soldados e aviadores. E estamos tentando também suportar nossa própria cota de perigo e tristeza pela guerra", disse.

Trono

Elizabeth II assumiu o trono britânico aos 25 anos, em fevereiro de 1952, após a morte do pai, George VI. Ela teve o segundo reinado mais longo da história da monarquia, batendo o recorde da bisavó, a rainha Vitória, que detinha o reinado mais longo da história do país: 63 anos. Teve uma única irmã, a princesa Margaret, que nasceu em 1930 e morreu em 2002.

Ao completar 21 anos, ainda princesa, fez um discurso à nação diretamente da Cidade do Cabo, na África do Sul, no qual declarou o comprometimento ao trono e à população inglesa.

“Eu declaro a todos agora que durante toda a minha vida, seja ela curta ou longa, será devotada a servir a vocês e a família imperial da qual todos fazemos parte. Mas não tenho forças para seguir essa resolução sozinha a não ser que vocês me ajudem e, por isso, peço para que me apoiem”, pediu.

Desde os primeiros dias de reinado, e antes mesmo de se tornar a chefe da coroa britânica, Elizabeth II, teve um parceiro fiel e companheiro, o príncipe Phillip, com quem se casou aos 24 anos, em 1947, e por quem era apaixonada desde os 13.

Foram 65 anos de casamento; o marido morreu em abril de 2021, aos 99 anos de idade.

Ela sempre citava a parceria e a importância da presença dele em discursos públicos, como o que fez ao Parlamento na comemoração do Jubileu de Diamante, quando completou 60 anos frente ao trono.

Maior arrependimento

Após uma escola na vila de Aberfan, no País de Gales, ter sido atingida por um deslizamento de resíduos de mineração, em 1966, a rainha tomou uma atitude da qual se arrependeu amargamente.

Na ocasião, 116 crianças da escola Pantglas Junior e 28 adultos foram soterrados pela lama. Não demorou para que a infeliz notícia chegasse até os ouvidos da rainha Elizabeth II. Mas, mesmo tendo conhecimento do que havia acontecido, a monarca esperou oito dias para visitar o local.

"Aberfan afetou profundamente a rainha quando ela foi para lá. Foi uma das poucas ocasiões em que ela derramou lágrimas em público", disse Sir William Heseltine, o então assessor de imprensa real.

A partir de então, Elizabeth II voltou mais quatro vezes até a escola Aberfan para prestar homenagem às vítimas da tragédia. No 50° aniversário do desastre, ela enviou uma mensagem ao povo da vila, que a recebeu de braços abertos e com diversos relatos de perdão.

Princesa Diana

A morte da Princesa Diana, há exatos 25 anos e oito dias, foi um desafio para Elizabeth II.

Em dezembro de 1995, pós intensa cobertura da mídia sobre o afastamento e os casos extraconjugais do príncipe Charles e da princesa de Gales, a rainha pediu que eles se divorciassem.

Diana morreu aos 36 anos vítima de um acidente de carro em Paris, na França, após uma tragédia ocorrida no dia 31 de agosto de 1997 no túnel da Ponte de l'Alma. Ela estava sendo seguida por paparazzi e acompanhada do namorado, o herdeiro egípcio milionário Dodi Al-Fayed.

As duas tiveram uma relação pública estremecida, e ao saber do acidente que tirou a vida de Lady Di, a monarca decidiu seguir rigorosamente o protocolo.

O estandarte real não foi hasteado a meio pau, o que provocou reações contrárias por parte da população e da imprensa. Somente depois de longas conversas com o então premiê Tony Blair, a monarca finalmente decidiu se pronunciar publicamente sobre o fato.

Foi em discurso transmitido em rede nacional de televisão que foi revisado por autoridades para trazer um teor mais “sensível”.

Diana seria uma rebelde real quando se casou com o Príncipe Charles. Com grande carisma, elevou o debate sobre o comportamento moderno versus o conservador.

O luto levou a uma reavaliação profunda de postura entre os membros da Casa de Windsor, fazendo com que a própria rainha tivesse seu comportamento levemente alterado em detrimento dos protocolos.

Papel da Monarquia

A popularidade – e a dignidade – da coroa britânica podem ter ficado abaladas durante o reinado de Elizabeth II principalmente pelo comportamento dos filhos: o divórcio e o segundo casamento de Príncipe Charles, por exemplo, causaram furor dos mais conservadores.

Mas foi justamente um casamento – o de William com a duquesa de Cambridge Kate Middleton - , e o nascimento do primeiro filho do casal reacenderam o interesse internacional pela família britânica.

Oito governos

Elizabeth II esteve à frente da monarquia durante as gestões de Winston Churchill, Margareth Thatcher, Tony Blair, Gordon Brown, David Cameron, Theresa May e Boris Johnson. Neste mês de setembro, viu Liz Truss assumir o cargo de primeira-ministra.

Em discurso ao Parlamento na comemoração do Jubileu de Diamante, quando comemorou 60 anos no trono, a rainha chegou a citar a relação estreita entre a monarquia e o parlamentar.

A história relaciona a monarquia e o parlamento – um elo de ligação entre um período e o outro. Desde a minha coroação, tenho sido uma visitante frequente do Parlamento e pelas minhas últimas contas, tive a tarefa prazerosa de lidar com 12 premiês.

Apesar da perda da representatividade política nas últimas décadas, Elizabeth II sempre demonstrou preocupação com a saúde da economia.

Ela chegou a pedir aos parlamentares foco no desenvolvimento econômico num discurso no Parlamento em comemoração ao aniversário da coroação dela.

Guerra Fria

Durante o auge da Guerra Fria, a Rainha Elizabeth II mantinha relação formal, de maneira tensa e conflituosa, com Margaret Thatcher, primeira-ministra britânica que exerceu o cargo de 1979 a 1990.

Ambas divergiam sobre diversos assuntos, como, por exemplo, sanções à África do Sul em razão da política segregacionista do apartheid: Thatcher era contra as sanções e, Elizabeth II, a favor.

Porém, com o passar dos anos a relação entre as duas se acalmou. Quinze dias após a renúncia de Thatcher, em 1990, a rainha concedeu a ela a honraria da Ordem do Mérito. O funeral de Thatcher, em 2013, foi o primeiro velório de um primeiro-ministro a contar com a presença da rainha desde Winston Churchill.

Pandemia

Durante a pandemia, a monarca se manteve reclusa e fez pelo menos dois pronunciamentos.

Um deles em abril de 2020, pedindo coragem e determinação na luta contra a pandemia.

“Também quero agradecer a vocês que estão em casa. Ajudando assim a proteger os vulneráveis. E poupando muitas famílias da dor já sentida por aqueles que perderam entes queridos. Juntos estamos enfrentando essa doença e quero garantir que assim se permanecermos unidos e resolutos vamos superá-la”.

Elizabeth II contraiu a Covid-19 no início de 2022 e disse ter ficado “muito cansada e exausta” após a doença. Pouco depois, a monarca chegou a visitar um hospital batizado com o nome dela e conversou com pacientes.

Jubileu

Em junho, o Jubileu de Platina para marcar os 70 anos da Rainha duraram quatro dias no Reino Unido. As celebrações – que reuniram milhares de pessoas - contaram com shows, desfiles e aparições de integrantes da família real.

Á época, já havia dúvidas se Elizabeth II compareceria aos eventos por preocupações com o estado de saúde dela.

Mesmo assim, ela fez uma breve aparição na sacada do Palácio de Buckingham, sorriu e acenou para a multidão.

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