A deputada federal Duda Salabert (PDT-MG) condenou o discurso transfóbico no plenário da Câmara, nesta quarta-feira (8), em entrevista à BandNews TV. A parlamentar afirmou que não se pode mais tolerar a discriminação e o ódio e pretende agendar reuniões com os presidentes da Câmara e da República, Arthur Lira e Luiz Inácio Lula da Silva, para debater as falas do parlamentar.
“Nós não estamos dando visibilidade para um parlamentar, mas uma prática que não deve ser tolerada em uma casa política, em uma casa democrática. Temos que entender que o Brasil vive a maior crise econômica da história, o que a população espera do Parlamento é um debate sobre projetos que leve o país a superar a crise e não usar um palanque para ridicularizar a existência de uma população historicamente violentada, marginalizada que são as travestis e transexuais, e usar esse palanque, esse ódio para se promover ganhando engajamento nas redes sociais”, desabafou Duda Salabert.
Ela, que é uma mulher trans, lembra que o crime de transfobia foi equiparado ao de racismo pelo Supremo Tribunal Federal. “Não podemos tolerar que um parlamentar suba em um palanque para poder ridicularizar a existência de travestis e transexuais, sobretudo que nós somos o país que mais mata travestis e transexuais no planeta há 14 anos consecutivos”.
"Vou tentar conversar com o presidente Arthur Lira, estou querendo agendar uma reunião com o presidente Lula porque é um debate nacional, sobre qual país nós queremos. E o país que nós queremos tem que ser materializado no Congresso Nacional, com sua diversidade e grandes proposições”, afirmou em entrevista à BandNews TV.
A deputada federal reforça que independente do viés político (esquerda, direita ou centro), a política brasileira não concorda com práticas criminosas e odiosas contra grupos que são, historicamente, excluídos e marginalizados. “O debate não é ideológico”, pontua Duda.
Pedido de cassação
A deputada federal Tabata Amaral (PSB), Sâmia Bonfim, a bancada do PSOL e outros partidos na Câmara entraram no Conselho de Ética da Câmara e com notícia-crime no Supremo Tribunal Federal contra Nikolas Ferreira por transfobia.
Para Duda Salabert, o Brasil mostrou nas urnas que não tolera mais ódio, a discriminação, a violência e “nós temos que avançar”. “O mais importante de tudo isso é que o Brasil não tolera esse tipo de situação. Nós vivemos em um país preconceituoso, mas que a maioria da população não concorda com o fato de que 90% das travestis e transexuais estejam na prostituição quase que de forma compulsória e obrigatória; ninguém concorda com o fato de que 80% dos assassinatos são crimes de ódio”, finalizou.