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Estratégia do governo era de imunidade de rebanho por contágio, diz estudo em que CPI se baseará

Conclusão de pesquisa da USP "A Linha do Tempo da Estratégia Federal de Disseminação da Covid-19" foi trazida com exclusividade pelo BandNews TV

Da Redação, BandNews TV

Entre janeiro de 2020 e o final de abril de 2021, o governo federal expediu mais de 3.600 atos normativos sobre a pandemia. São leis, medidas provisórias, decretos, portarias e resoluções sobre saúde pública, direito, ciência política e epidemiologia. 

Cientistas, médicos e advogados do Centro de Estudos e Pesquisas de Direito Sanitário da Faculdade de Saúde Pública da USP (Universidade de São Paulo) analisaram um por um destes atos e elaboraram um estudo chamado "A Linha Do Tempo Da Estratégia Federal De Disseminação Da Covid-19". Uma prévia do estudo foi divulgada em janeiro e chamou a atenção da CPI da Pandemia. Os senadores pediram uma atualização do trabalho para ser apresentado na comissão no fim deste mês. Com exclusividade, a BandNews TV traz o que está neste estudo. 

O especialista em saúde pública Fernando Aith revelou que a conclusão do levantamento é de que a principal política de combate à pandemia do governo federal permitiu que o vírus se disseminasse pelo País livremente até a chamada “imunidade coletiva” ou “imunidade de rebanho”, mas por meio do contágio. Aith relembra que esse termo é relacionado ao efeito causado pela vacinação, diferentemente da intenção promovida pelas ações governamentais. 

“O Governo Federal, desde o início da pandemia, vem apostando na imunidade de rebanho, mas não pela vacina, mas por meio do contágio, não importando o número de mortes e de sequelados dos infectados pelo coronavírus”, explicou. 

O estudioso ainda pontou que, mesmo após o início da CPI que investiga as ações do Planalto na pandemia, o governo persistiu com a mesma política que deixou o Brasil perto da marca de 500 mil mortes por covid-19. 

Revelado em primeira mão pela BandNews TV, o relatório traz uma linha do tempo com todas as ações. Aith explica que não houve mudança na postura do governo mesmo após a OMS (Organização Mundial da Saúde) estabelecer diretrizes em favor do uso de máscara, higienização pessoal e distanciamento social, entre julho e agosto de 2020. Ele pontua que, na mesma época, houve a conclusão de que o uso de fármacos como a cloroquina e a ivermectina não apresentaram eficácia no combate ou prevenção aos efeitos do vírus. 

Nesta semana, o presidente Jair Bolsonaro declarou que encomendou um estado ao Ministério da Saúde para avaliar a desobrigação no uso de máscaras de pessoas vacinadas ou que já foram infectadas pelo coronavírus. 

O grupo sugeriu aos senadores da CPI medidas legislativas para impedir que autoridades públicas atuem com medidas contrariando protocolos e bases científicos, trazendo prejuízos à sociedade. 

Fernando Aith é doutor em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da USP, Mestre em Filosofia e Teoria Geral do Direito pela Faculdade de Direito da USP e Especialista em Direito Médico e da Saúde pela Universidade de Paris 8. 

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