Jornal da Band

Série Especial: Semana de 22 revolucionou a cultura no Brasil

Muito do que conhecemos hoje como arte moderna nasceu ali. A histórica Semana de 22 é o tema da nova série do Jornal da Band.

Por Juliano Dip

Há cem anos, um movimento revolucionava a cultura no Brasil. Muito do que conhecemos hoje como arte moderna nasceu ali. A histórica Semana de 22 é o tema da nova série do Jornal da Band.

“O modernismo só poderia ser importado por São Paulo e arrebentar aqui”. A afirmação é do poeta e escrito Mário de Andrade, na tentativa de explica porque a Semana de Arte Moderna surgiu na capital paulista e não no Rio de Janeiro, que na época era a capital do país.

Mário afirma que estava que com a atividade comercial e a industrialização, São Paulo estava em contato espiritual e técnico com a atualidade do mundo.

No início do século passado, São Paulo crescia em ritmo acelerado. Em 1900, a população da cidade era de 240 mil habitantes. Em 1921, o número passou para 600 mil. Para atender tudo isso, as edificações quase triplicaram, passando de 21 mil prédios para mais de 60 mil edifícios.

“A cidade de São Paulo vinha crescendo do ponto de vista da industrialização e a gente tem uma mudança importante do ponto de vista arquitetônico. Então sai de cena todo esse ecletismo arquitetônico e começa a entrar a modernidade”, disse a arquiteta Lícia de Oliveira Ferreira.

Localizada no coração do Bixiga, a Vila Itororó preserva ainda características arquitetônicas da época em que foi inaugurada, em 1922. 

As transformações pelas quais a capital paulista passava influenciavam diretamente a produção artística da época. 

Menotti Del Picchi, um dos expoentes da semana de arte moderna, descreveu assim esse momento efervescência em um texto publicado em outro de 1921, no jornal Correio Paulistano.

“São Paulo surge assim maravilhosamente da noite para o dia como uma cidade de encantamento construída por ciclopes e realizada pela obra miraculosa de um sonho”.

“A semana de Arte Moderna nasceu no momento que o mundo assistia o fim de uma grande guerra. E tudo se renovava nas estruturas, quer mentais quer políticas do próprio mundo. E grandes pensadores lançavam novas ideias. Começou a levedar em nós todos intelectuais a necessidade de uma transformação do pensamento e de uma integração do Brasil em si mesmo”, ”, disse Menotti Del Picchi.

E como esse sonho foi traduzido em arte? E como essa arte virou semana? Como essa semana entrou para a história? 

“Quem teve a ideia da Semana de 22? Só posso garantir que não fui eu”. Essa são as palavras de Mário de Andrade. Segundo ele, a realização do evento parte principalmente, não de nenhum intelectual ou artista, e sim, Paulo Prado, representante da elite paulista, que financiou a realização da semana.

“Para mim, a Semana de Arte Moderna, a importância, a capital, a única importância da arte moderna foi ter encontrado seu momento. Ter surgido no momento em que estava esperando uma transformação. Essa transformação partiu talvez involuntariamente do nosso grupo”, disse o pintor Di Cavalcanti. 

A partir de amanhã (8) vamos conhecer os reflexos dessa explosão, a rejeição do movimento, os artistas e os reflexos da semana que nunca acabou.

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