Delegados da Polícia Federal (PF) receberam do ex-ministro da Justiça Anderson Torres a sinalização de que está disposto a colaborar no depoimento do inquérito que investiga possível tentativa de golpe de Estado, marcado para a próxima quinta-feira (22). O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) também deve ser ouvido.
Os peritos encontraram, no celular de Torres, material em que o ex-ministro afirma, diante da possibilidade de golpe, que “a hora de atuar é agora”.
Torres também será questionado pelas acusações, sem provas, ao sistema eleitoral na reunião ministerial em que Bolsonaro fala em “plano B” se perder as eleições.
Os advogados de Torres devem argumentar à PF que “não é crime expressar opinião”, dadas as declarações do ex-ministro.
Bolsonaro projeta silêncio
Já Bolsonaro jogou para o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a responsabilidade sobre o depoimento. Em entrevista a uma rádio do Nordeste, o ex-presidente disse que só vai responder às perguntas se o Judiciário conceder acesso total ao inquérito.
Por outro lado, Moraes já respondeu a um pedido da defesa de Bolsonaro e ressaltou que os advogados têm todas as informações disponibilizadas aos investigados.
Braga Netto e Heleno na mira
Além de Bolsonaro, quatro ex-ministros (Braga Netto, Augusto Heleno, Paulo Sergio Nogueira e Anderson Torres) e o ex-comandante da Marinha Almir Garnier são esperados na sede da PF. Todos falarão ao mesmo tempo para evitar a combinação de versões.
Braga Netto será questionado sobre mensagens em que sugeriria a continuidade de Bolsonaro no poder e sobre o suposto uso dos chamados “Kids Pretos”, integrantes de um batalhão de operações especiais, para dar força aos ataques de 8 de janeiro.