Na semana passada, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello disse que jamais indicou tratamento da Covid com cloroquina. O ex-chanceler Ernesto Araújo também procurou se afastar do medicamento e afirmou que intermediou uma importação de insumos para a produção em março, quando ainda não havia muitos estudos sobre a pandemia. É um consenso que a atual defesa da cloroquina pode trazer problemas, mas a secretária do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, defendeu o remédio ainda hoje na CPI da Pandemia.
Apelidada de Capitã Cloroquina, Mayra concordou que o uso da cloroquina em casos graves não é recomendada, mas voltou a defender a recomendação em casos leves da Covid-19 e o chamado tratamento precoce. Ela disse, porém, que não recebeu ordens para a implantação de uso da cloroquina e que o Ministério da Saúde fez apenas uma orientação sobre a dosagem e não recomendação do remédio.
A secretária também disse que o Ministério da Saúde não precisa aceitar recomendações da OMS ou de qualquer outra entidade médica.
O senador Otto Alencar (PSD-BA), que é médico, abriu discordância com Mayra e afirmou que a cloroquina não tem eficácia contra o coronavírus, pelo contrário, já há estudos que mostram a ineficácia e existe risco de morte para pessoas com problemas cardíacos.
Desde o ano passado, a OMS, a FDA (a Anvisa dos EUA) e outras entidades deixaram de recomendar o uso da cloroquina para tratar a Covid-19.
Capitã Cloroquina nega que o TrateCov tenha sido alterado
Mayra também foi questionada sobre o aplicativo TrateCov, criado pelo Ministério da Saúde, que recomendava o uso de medicamentos sem comprovação científica.
Pazuello tinha dito que a plataforma tinha sido invadida e colocada no ar sem o aval da Pasta. Ele afirmou que o suposto hacker teria inclusive feito mudanças em dados do aplicativo.
Mayra deu uma versão diferente. Ela disse que o TrateCov foi testado por um jornalista antes de seu lançamento.
A secretária defendeu o aplicativo e disse que ele poderia ter salvado muitas vidas, mas não explicou por que ele foi retirado do ar e nunca mais voltou a ser usado.
O presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), rebateu as informações. "Se o aplicativo poderia ter salvado vidas, por que ele foi tirado do ar?" Não houve resposta.