Protestos pedem justiça por Genivaldo

Imagens de policiais trancando homem em "câmara de gás" improvisada causam revolta pelo País

Por Narley Resende

Representantes de movimentos sociais, amigos e familiares de Genivaldo de Jesus Santos, morto em ação de policiais no município de Umbaúba, em Sergipe, protestaram na manhã desta sexta-feira (27) em frente à sede da PRF (Polícia Rodoviária Federal), na capital Aracaju.

Genivaldo tinha esquizofrenia e estava com cartelas de remédios nos bolsos quando foi morto na quarta-feira (25), após ser trancado em uma câmara de gás improvisada no porta-malas de uma viatura da PRF, em uma abordagem policial. Ele morreu asfixiado, segundo laudo preliminar do (IML) Instituto Médico-Legal. 

O caso causou revolta e diversas manifestações foram marcadas. 

Em São Paulo, cerca de 50 motociclistas ocuparam parte da Avenida Paulista, no sentido bairro Paraíso, na altura Masp (Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand). A PM (Polícia Militar) acompanhou a manifestação, que foi encerrada por volta do meio-dia. 

Um ato também ocorreu por volta das 9 horas, em frente à sede da PRF, na Vila Guilherme, na Zona Norte da capital paulista. 

Na manhã de quinta-feira (26), moradores da região de Umbaúba interditaram um trecho da BR-101, onde ocorreu a abordagem policial a Genivaldo, e queimaram pneus na rodovia. 

Cinco policiais assinam ocorrência 

Os policiais rodoviários federais Clenilson José dos Santos, Paulo Rodolpho Lima Nascimento, Adeilton dos Santos Nunes, William de Barros Noia e Kleber Nascimento Freitas, que assinam o boletim da ocorrência que resultou na morte de Genivaldo, devem ser ouvidos na apuração interna da PRF. Os nomes foram confirmados pela reportagem do Portal da Band.

A PRF informou que “os agentes envolvidos foram afastados das atividades de policiamento”. A nota não deixa claro se a medida afeta todos os cinco que assinam a ocorrência. A corporação tem até segunda-feira (30) para enviar informações sobre o caso ao MPF (Ministério Público Federal), que abriu procedimento para acompanhar as investigações

O MPF também requisitou informações à Delegacia de Polícia Civil de Umbaúba e determinou que a Polícia Federal (PF) informe o número do inquérito instaurado para apurar os fatos. Cabe à PRF enviar informações sobre processo administrativo instaurado para apuração da abordagem policial. Os órgãos precisam enviar a resposta em um prazo de 48 horas úteis.

“Nordeste Seguro”

Os agentes que assinam a ocorrência são integrantes do Comando de Operações Especiais da Polícia Rodoviária Federal no Sergipe e assumem, em documento oficial, compor a “equipe de motopoliciamento tático [que] efetuava policiamento e fiscalização” responsável pela detenção que terminou com a morte de Genivaldo. 

Três agentes aparecem nas imagens colocando Genivaldo na traseira da viatura da PRF, e um deles parece atirar uma bomba de gás no compartimento, o que faz surgir uma nuvem de fumaça. Em seguida, seguraram a porta quase que inteiramente fechada para que a vítima e o gás permaneçam dentro do veículo. É possível ver as pernas do homem para fora, se debatendo, e ouvir seus gritos de desespero.

Um laudo do Instituto Médico-Legal (IML) divulgado na quinta (26) mostra que a causa da morte foi asfixia mecânica e insuficiência respiratória aguda. 

Os policiais participavam de uma operação chamada “Nordeste Seguro” quando prenderam Genivaldo. 

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