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Senado instala comissão para apurar mortes no AM e ouvirá indígenas e Justiça

Depoimentos começam na quarta-feira (22), quando serão ouvidos o ministro da Justiça, Anderson Torres, e representantes da Univaja

Por Cleber Souza

Polícia encontra barco afundado de indigenista e investigações continuam Foto: Reprodução
Polícia encontra barco afundado de indigenista e investigações continuam
Foto: Reprodução

O Senado instalou, nesta segunda-feira (20), uma comissão temporária para apurar a violência na Amazônia e as mortes do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Pereira, assassinados na terra indígena do Vale do Javari, no Amazonas.  

A comissão será presidida pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Em reunião nesta segunda, também foram definidos o vice-presidente da comissão, Fabiano Contarato (PT-ES) e o relator, Nelsinho Trad (PSD-MS).  

Os depoimentos começam já nesta quarta-feira (22), quando serão ouvidos o ministro da Justiça, Anderson Torres, às 14h, e representantes da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), às 10h.

"A ideia é ouvir todos os envolvidos nas mortes de Dom e Bruno para compreendermos a realidade da região, as omissões na proteção de defensores da Amazônia, além de ataques aos povos indigenas", disse Randolfe.  

Além do ministro da Justiça, a comissão pretende ouvir mais autoridades como o procurador-geral da República, Augusto Aras, que está na região do Vale do Javari, o presidente da Funai, Marcelo Xavier, e o prefeito de Atalaia do Norte (AM), Denis Paiva.

Pelo plano aprovado, os senadores querem entender a possível relação das mortes do indigenista e do jornalista inglês com o esquema de pesca ilegal e narcotráfico. Outra providência a ser tomada envolve a solicitação de retomada e a conclusão do inquérito do assassinato, em Tabatinga (AM), em setembro de 2019, de Maxciel Pereira dos Santos, ex-Funai.

Defensor dos indígenas do Vale do Javari, ele trabalhava nas operações de combate à caça, pesca, garimpo e exploração madeireira no território, que reúne a maior população de indígenas isolados do mundo. Max, como era chamado pelos amigos, foi assassinado em Tabatinga na presença da enteada e da mulher.

Forças de segurança

Ainda durante os trabalhos da comissão, os senadores pretendem levantar e acompanhar quais processos existem no âmbito da Polícia Federal e em órgãos do estado que tratem da situação do narcotráfico na região Norte e quais medidas foram tomadas.

Outra decisão aprovada é o pedido de envio imediato de forças de segurança pu´blica para a garantir a integridade física dos servidores da Funai em todas as Bases de Protec¸a~o do Vale do Javari - Quixito, Curuc¸a´ e Jandiatuba, bem como as sedes da Coordenação Regional Vale do Javari e da Coordenação Frente de Proteção Etnoambiental Vale do Javari (CFPE-VJ).

Os parlamentares também desejam o envio imediato de forças de segurança pu´blica para garantir a integridade física dos vigilantes indígenas que compõem a Equipe de Vigilância da Univaja (entre eles, Orlando Possuelo e Tataco) e dos coordenadores da Univaja, Paulo Marubo, Eliésio Marubo e Eriberto Marubo, o Beto.

Investigação

Segundo as investigações Dom e Bruno foram rendidos e mortos pela dupla. Os corpos foram decepados, esquartejados e queimados, e depois jogados em uma vala.  

Ainda na quarta-feira, após a indicação do local da ocultação dos corpos, "remanescentes humanos" foram encontrados pelas equipes de buscas. Os restos dos corpos chegaram a Brasília na quinta-feira (16), onde foram periciados.  

A perícia apontou ainda que Dom Phillips morreu com um tiro no peito disparado por uma arma de caça. Bruno Pereira recebeu dois tiros, um no tórax abdômen e outro na cabeça. Neste domingo (19), a embarcação usada por Dom e Bruno durante a viagem ao Vale do Javari foi encontrada no Amazonas.  

Até o momento, há três presos suspeitos pelo envolvimento nas mortes do jornalista e do indigenista. Amarildo da Costa Oliveiora, o "Pelado", confessou o crime e indicou o local da ocultação dos corpos. Amarildo foi transferido para Manaus por medidas de segurança.  

Já seu irmão, Oseney da Costa, o "Da Costa", foi reso na semana passada e teria ajudado a esconder os restos mortais de Bruno e Dom. Jeferson da Silva Lima, o "Pelado da Dinha", se entregou à polícia no último sábado (18). Ambos estão presos temporariamente em Atalaia do Norte.

A polícia afirma que os assassinos agiram sozinhos e que não há mandantes. A polícia agora investiga se a pesca ilegal realizada na região era para abastecer o crime organizado e o tráfico de drogas na região. 

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