Ex-prefeito é suspeito de participar de um esquema interestadual de tráfico

Mais de 100 mandatos de busca e apreensão miraram em alvos nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pará e Amazonas, todos ligados ao Comando Vermelho.

Rebecca Henze*

Ex-prefeito é suspeito de participar de um esquema interestadual de tráfico
Raimundo Pinheiro da Silva, ex-prefeito de Anamã
Reprodução/vídeo

A Policia Civil realizou, nesta terça-feira (21), a Operação Rota do Rio, contra um esquema de tráfico interestadual de drogas. 

Segundo a investigação do Comitê de Inteligência Financeira e Recuperação de Ativos (Cifra), o esquema segue um fluxo inverso, onde o dinheiro sai do Rio de Janeiro para a fronteira com o Amazonas e as drogas voltam direto para abastecer pontos de venda no asfalto e nas comunidades fluminenses.

Aproximadamente R$ 30 milhões já foram movimentados em dois anos.

No Rio, endereços em bairros como Ipanema, Barra da Tijuca e Copacabana foram alvo de mandados. Agentes também estiveram em favelas da Zona Norte.

Foram relatadas trocas de tiro nas comunidades do Fallet, Fogueteiro e Prazeres. Entre os presos, está Juan Roberto Figueira da Silva, o "Cocão". Ele é apontado como chefe do roubo de carros no Morro dos Prazeres e estava envolvido nos assassinatos de três médicos da Barra da Tijuca no ano passado.

Segundo o delegado Álvaro Gomes, o furto de carros se tornou parte central dos negócios a quadrilha.

“Parte da facção já estava vendo mais lucro nesse negócio envolvendo veículos roubados e clonados, do que propriamente na venda de entorpecentes”.

A organização criminosa ampliou suas atividades para lavar o dinheiro no processo. Os criminosos passaram a realizar os pagamentos de forma pulverizada, como por exemplo, um frigorífico no Amazonas, que segundo a polícia  pertence a Raimundo Pinheiro da Silva, ex-prefeito de Anamã, que teve o mandato cassado por abuso de poder econômico. O jornalismo da Band tenta contato com a defesa dele.

O delegado Marcus Amim afirma que a polícia já tem conhecimento do roteiro seguido pelo suspeito e não descarta a possibilidade de vazamento de informações internas.

“A gente sabe que ele saiu de casa às três da manhã para pegar um vôo, com destino ao Distrito Federal. Ele tem muita influência política, inclusive estava em um carro comissionado da Prefeitura. Há possibilidade de ter acontecido uma informação priviliegiada que faça com que ele tenha se evadido e possivelmente levado algumas evidências”.

De acordo com a polícia, a operação busca conseguir provas e confiscar bens relacionados às atividades de tráfico.

Cleiton Souza da Silva, que estaria escondido no Fallet, é considerado um dos principais elos entre o Rio de Janeiro e o Amazonas, mas ainda não foi encontrado. 

Sob supervisão de Christiano Pinho*