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Greve no Pedro II: servidores e pais em conflito sobre impactos na educação

Movimento reivindica direitos e reestruturação, enquanto responsáveis expressam preocupação sobre a interrupção das aulas.

Gabriela Silva*

Servidores do Colégio Pedro II entraram em greve por tempo indeterminado, nesta quarta-feira (3). A categoria reivindica, entre as principais pautas, reestruturação das carreiras, recomposição salarial e revogação de medidas consideradas pelo movimento prejudiciais a educação.

Pais de alunos discordam da greve. Segundo eles, o retorno tardio para a escola impacta diretamente no ensino, visto que esses estudantes já foram prejudicados com a pandemia e a demora no reinício das aulas presenciais que só começaram na última segunda (1º).

Eduardo Fisch, pai de um aluno do 7º ano, acredita que a ausência de aulas prejudica todo seu planejamento familiar de férias já que ele e a mãe do menino são separados.

"O ano letivo do meu filho começou em 1º de abril e isso vai contra tudo que acredito ser essencial para a educação de uma criança", afirma.

Pai de um estudante de 6 anos de idade, Alessandro conta que a greve está prejudicando a vida de sua família em várias esferas. Ex-aluno do Pedro II, ele lembra que também enfrentou faltas de aulas por conta de paralisações e não quer ver o mesmo acontecendo com o filho.

"Para meu filho não ter um ensino mais prejudicado, minha esposa e eu optamos por pagar um estudo profissionalizante que gerará uma despesa extra entre R$ 1.000,00 e R$ 1.500,00 mensais. Mesmo sem poder pagar, teremos que dar um jeito", conta.

Alessandro e sua esposa são servidores públicos e relatam que por conta da falta de aula, eles precisam deixar seu filho com sua sogra para irem trabalhar e isso atrapalha seu dia a dia familiar.

O Sindscope (SINDSCOPE - Sindicato dos Servidores do Colégio Pedro II) defende a suspensão do calendário escolar durante a greve e diz que "ninguém será prejudicado e que o período acadêmico transcorrerá corretamente".

A nota afirma que a suspensão e posterior reposição do calendário letivo abre a possibilidade de a comunidade escolar, democraticamente, construir os caminhos para recuperação de conteúdo, dando um enfoque mais pedagógico e menos quantitativo para isso.

O grupo cobra reajuste e recomposição salarial dos últimos oito anos aos professores e técnicos administrativos. Para os técnicos, o pedido é de 34% para recompor todo o tempo sem reajuste. Já para os professores, a solicitação é de 22%.

Segundo o SINTUFRJ - Sindicato dos Trabalhadores da Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, cerca de 500 servidores do Colégio Pedro II votaram, por ampla maioria, pela deflagração da greve.

*Sob supervisão de Christiano Pinho.