
Mais uma vez o campus da antiga universidade Gama Filho, em Piedade, na Zona Norte, é alvo de constantes denúncias por quem passa pelo local. O terreno que está deteriorado possui quase 60 mil metros quadrados de extensão e está avaliado em mais de R$300 milhões. Segundo relatos, pessoas em situação de vulnerabilidade e usuários de drogas passam o dia no campus. Além disso, de acordo com um ouvinte, que preferiu preservar sua identidade e teve sua voz distorcida, corpos e restos mortais que foram doados para estudos estão jogados em salas de anatomia humana do prédio.
O chefe de departamento da Anatomia da Uerj, Marco Aurélio Passos, confirmou que se trata de material cadavérico em péssimo estado de conservação que pode gerar danos à saúde pública.
Em 2014, a Universidade Gama Filho fechou as portas. Dois anos depois, em 2016, a Justiça do Rio decretou a falência do Grupo Galileo, que administrava a Gama Filho.
A Prefeitura do Rio assinou, em abril do ano passado, um decreto de interesse público do terreno. Na época, Eduardo Paes disse que o objetivo era criar um grande centro de ensino e conhecimento, através de uma parceria com a Fecomércio. Desde então, nenhum projeto saiu do papel e o imóvel ainda não foi desapropriado.
A BandNews procurou os administradores judiciais do processo de falência da antiga empresa Galileo que disseram que a Universidade Estácio de Sá obteve uma decisão judicial para retirar todo o acervo de anatomia humana da Gama Filho. Sobre as invasões ao campus, os administradores ressaltam que há 2 seguranças por turno no imóvel, mas que, infelizmente, não conseguem conter invasões de um número grande de pessoas.
Questionada sobre o recolhimento do acervo cadavérico, a Estácio de Sá disse que retirou o acervo cadavérico, mas que a destinação de eventuais peças cadavéricas remanescentes é de responsabilidade dos administradores do processo de falência da Gama Filho.
Procurada sobre a possibilidade de haver danos à saúde pública no local, a Prefeitura do Rio ainda não se posicionou.