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Corpos e restos mortais estão jogados no campus da antiga Gama Filho

Pessoas em situação de vulnerabilidade e usuários de drogas passam o dia no terreno de quase 60 mil metros quadrados

João Boueri

Prefeitura do Rio assinou um decreto de interesse público do terreno
Prefeitura do Rio assinou um decreto de interesse público do terreno
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Mais uma vez o campus da antiga universidade Gama Filho, em Piedade, na Zona Norte, é alvo de constantes denúncias por quem passa pelo local. O terreno que está deteriorado possui quase 60 mil metros quadrados de extensão e está avaliado em mais de R$300 milhões. Segundo relatos, pessoas em situação de vulnerabilidade e usuários de drogas passam o dia no campus. Além disso, de acordo com um ouvinte, que preferiu preservar sua identidade e teve sua voz distorcida, corpos e restos mortais que foram doados para estudos estão jogados em salas de anatomia humana do prédio.    

O chefe de departamento da Anatomia da Uerj, Marco Aurélio Passos, confirmou que se trata de material cadavérico em péssimo estado de conservação que pode gerar danos à saúde pública.  

Em 2014, a Universidade Gama Filho fechou as portas. Dois anos depois, em 2016, a Justiça do Rio decretou a falência do Grupo Galileo, que administrava a Gama Filho.   

A Prefeitura do Rio assinou, em abril do ano passado, um decreto de interesse público do terreno. Na época, Eduardo Paes disse que o objetivo era criar um grande centro de ensino e conhecimento, através de uma parceria com a Fecomércio. Desde então, nenhum projeto saiu do papel e o imóvel ainda não foi desapropriado.   

A BandNews procurou os administradores judiciais do processo de falência da antiga empresa Galileo que disseram que a Universidade Estácio de Sá obteve uma decisão judicial para retirar todo o acervo de anatomia humana da Gama Filho. Sobre as invasões ao campus, os administradores ressaltam que há 2 seguranças por turno no imóvel, mas que, infelizmente, não conseguem conter invasões de um número grande de pessoas.  

Questionada sobre o recolhimento do acervo cadavérico, a Estácio de Sá disse que retirou o acervo cadavérico, mas que a destinação de eventuais peças cadavéricas remanescentes é de responsabilidade dos administradores do processo de falência da Gama Filho.

Procurada sobre a possibilidade de haver danos à saúde pública no local, a Prefeitura do Rio ainda não se posicionou.

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