A análise da Polícia Civil das câmeras de segurança do Shopping Pátio Petrópolis, no Centro do município da Região Serrana do Rio, indica que a advogada que está desaparecida desde fevereiro entrou no carro do principal suspeito do crime, momentos após ser vista pela última vez.  

No dia 29 de fevereiro, Anic de Almeida Peixoto Herdy, de 55 anos, entra pelo estacionamento do centro comercial com seu carro, um Jeep Compass, às 11:08h.

Ela permaneceu cerca de 20 minutos dentro do veículo, já que ela só acessa o elevador às 11:28h. Mesmo com a chegada do elevador, Anic decide não entrar e sobe pelas escadas. Segundo o inquérito da Polícia Civil, possivelmente para tentar evitar as câmeras de segurança.

Em seguida, Anic aparece descendo uma escada rolante e passando por uma praça do shopping, por volta de 11:30h. 

Segundo os investigadores, um fato relevante é que ela caminha lentamente, sempre se comunicando pelo celular.

Um minuto depois, ela aparece seguindo o caminho de saída do shopping, ainda ao telefone. Às 11:32h, Anic chega ao subsolo e um minuto depois, aparece nas câmeras de saída principal do shopping, e sai do estabelecimento caminhando.

Às 11:34h, uma câmera de um edifício ao lado registra Anic atravessando a rua. Depois disso, ela não foi mais vista.

Os investigadores também analisaram os passos de Lourival Correa Netto Fadiga, funcionário da família e acusado de ter sido o mentor do crime. O veículo utilizado por ele aparece a caminho de Petrópolis por volta de 11:19h, momento em que Anic ainda estava estacionada no shopping.

Às 11:48h, Lourival passa na frente do shopping e segue no sentido e lado onde Anic caminhava. O carro é visto novamente cerca de um minuto depois, a 300 metros. Segundo a Polícia Civil, o trajeto é muito curto para o tempo que Lourival levou para percorre-lo, que normalmente é feito em 30 segundos. Com isso, concluíram que ele fez uma parada para que Anic entrasse.

A polícia acredita que, inicialmente, Anic tenha aderido e participado do plano. Um comerciante de Foz de Iguaçu, cidade em que a família costuma visitar, afirmou que Anic e Lourival se apresentavam como namorados e já teria presenciado diversas vezes o casal se beijando.

Além disso, foi identificado um chip de telefone em nome de Lourival que estava inserido em um aparelho celular muito semelhante ao que aparece nas mãos de Anic no shopping.

O desaparecimento de Anic só foi comunicado para as autoridades policiais 14 dias depois do crime. Benjamim Cordeiro Herdy, de 78 anos, marido de Anic, já havia desembolsado R$ 4,6 milhões de reais para o pagamento do resgate, mas ela nunca apareceu. O dinheiro foi passado em espécie, criptomoedas e por cerca de 40 transferências bancárias, sempre por orientação de Lourival.

Após o pagamento, a filha de Anic recebeu uma mensagem do telefone da mãe. No texto dizia que ela tinha se apaixonada por outra pessoa e começaria uma nova vida em outro país. Segundo a delegada Cristiana Onorato, isso foi mais uma artimanha de Lourival para tentar despistar a família.

A polícia acredita que essas mensagens não vieram da Anic. É mais uma trama de Lourival pra dizer 'olha, eu recebi o dinheiro e fica quieto, porque eu fui embora. Eu sumi, desapareci com outra pessoa.' E aí a família seguia a vida, não ia falar nada com a polícia, Lourival continuava dentro da família conseguindo monitorar todos os passos e, quiçá, pegar mais dinheiro, afirmou a delegada.

Após a filha comunicar o caso à polícia, as investigações apontaram Lourival como mentor do crime, com ajuda dos próprios filhos e de uma mulher com quem se relacionava. Os quatro estão presos preventivamente.

Como até o momento nenhum indício sobre o paradeiro de Anic foi encontrado, a principal linha de investigação é a de que ela tenha sido assassinada.