MPF pede rejeição de recurso da defesa do torturador da ditadura 'Camarão'

O militar atuava na chamada "Casa da Morte", em Petrópolis, na Região Serrana do Rio

Por João Videira (sob supervisão)

MPF pede rejeição de recurso da defesa do torturador da ditadura 'Camarão'
Casa da Morte, em Petrópolis
Reprodução/Redes Sociais

O Ministério Público Federal pede que a Justiça Federal rejeite o recurso da defesa de Antonio Waneir Pinheiro Lima, conhecido como "Camarão". O agente da ditadura militar atuava na chamada "Casa da Morte", em Petrópolis, na Região Serrana do Rio. Sargento reformado do Exército, ele é réu por sequestro, cárcere privado e estupro da militante política Inês Etienne Romeu - única sobrevivente da casa.

O aparelho clandestino foi montado pelo Centro de Informações do Exército para torturar e matar guerrilheiros com papel de destaque. Inês, que morreu em abril de 2015, foi comandante da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) e participou do furto de US$2,5 milhões do cofre governador paulista Ademar de Barros, na casa da família de uma amante do político em Santa Teresa, Zona Sul do Rio.

No documento, o procurador Carlos Aguiar afirma que o acervo de provas demonstra "forma inequívoca" a existência de crimes contra a humanidade, que não estão sujeitos a prescrição, e a "impossibilidade" de concessão de anistia.

 O despacho de Aguiar ainda ressalta que a Lei da Anistia, reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal (STF), vai de encontro com os tratados internacionais de que o Brasil é signatário. Dentre eles, a Carta do Tribunal de Nuremberg - baseada no julgamento de médicos nazistas - e a Carta do Tribunal Militar Internacional (1945) - que estabeleceu o julgamento dos principais criminosos de guerra alemães. Muito antes de ser usado como aparelho clandestino, coincidentemente, o imóvel, que deu lugar a Casa da Morte, pertencia ao espião nazista Ricardo Lodders.

Inês é uma das homenageadas na exposição "Justiça de Transição Não é Transação: a brutalidade e o jardim", aberta ao público nesta quinta-feira (19) na sede do MPF do Rio de Janeiro, na Avenida Nilo Peçanha, Região Central do Rio. A mostra contará com obras de arte produzidas durante o período do regime militar e outras mais recentes, que refletem a temática dos "anos de chumbo".

Procurado pela BandNews FM, o Tribunal Regional Federal da 2ª Região afirmou que o parecer do MPF já foi incluído no pedido da defesa de Antonio Waneir. Caso acatada, a demanda da defesa será encaminhada ao Supremo Tribunal Federal.

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