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Niterói tem a menor incidência de casos de dengue do estado do Rio

Cerca de oito anos após o início da liberação dos "mosquitos do bem", Niterói tem a menor incidência de casos

Por Pedro Dobal

Capital está em estado de alerta para a doença
Capital está em estado de alerta para a doença
Reprodução

Cerca de 50 cidades do país além dos estados de São Paulo e Santa Catarina têm interesse na adoção dos chamados "mosquitos do bem" no combate à dengue. Os insetos são contaminados com a bactéria Wolbachia, que impede que os vírus da dengue, da zika e da chikungunya se desenvolvam dentro deles.  

Niterói, na Região Metropolitana do Rio, é o único município brasileiro com 100% do território coberto pela iniciativa e registrou apenas 11 casos de dengue neste ano, enquanto a capital fluminense, cidade vizinha, teve quase 3.900.

Com isso, Niterói tem a menor incidência da doença no estado. São pouco mais de três notificações a cada 100 mil habitantes. Já a cidade do Rio tem cerca de 128 casos por 100 mil habitantes.

O mosquitos com a Wolbachia são soltos nas ruas de Niterói desde 2015. No ano passado, a cidade já vinha registrando bons resultados em relação ao combate à dengue.  

Os mosquitos liberados são machos, que não costumam picar os humanos. A ideia é que, ao longo das gerações, a população de mosquitos que carregam a Wolbachia aumente até substituir totalmente os sem a bactéria, que não transmitem a doença.  

No Brasil, a iniciativa é liderada pela Fundação Oswaldo Cruz e por uma organização sem fins lucrativos, a World Mosquito Program.

A promessa do Governo Federal é que uma fábrica com capacidade para produzir cerca de 100 milhões de mosquitos por semana comece a funcionar ainda neste ano, mas o local que vai receber as instalações ainda não foi definido.

Além de Niterói, o método já foi testado em outras quatro cidades: Campo Grande, Belo Horizonte e Petrolina, em Pernambuco.  

Na capital fluminense, bairros da Zona Norte chegaram a receber um projeto piloto com a tecnologia, e a Prefeitura afirma que também negocia com a Fiocruz a expansão do método na cidade.

O Ministério da Saúde anunciou um investimento de R$ 30 milhões para o projeto em seis novos municípios: Joinville, Foz do Iguaçu, Londrina, Presidente Prudente, Uberlândia e Natal.

O líder de relações institucionais e governamentais do World Mosquito Program, Diogo Chalegre, conta que a expectativa é começar os trabalhos nessas cidades em março.  

Em todo o estado do Rio, foram registradas duas mortes e mais de 17.400 pessoas infectadas apenas neste ano, número 10 vezes maior que o registrado em janeiro do ano passado.  

O subsecretário de Vigilância e Atenção Primária à Saúde do Rio, Mário Sérgio Ribeiro, afirma que os dados causam preocupação porque o pico da doença costuma ocorrer apenas em março.

Itatiaia, no Sul Fluminense, é o município com a situação mais grave no estado: são quase 2 mil casos para cada 100 mil habitantes. Uma mulher de 98 anos morreu vítima da doença na cidade. Já em Mangaratiba, na Costa Verde, um homem de 33 anos também não resistiu após ser infectado.

Segundo o Governo do Estado, a doença avança com maior velocidade em cidades menores e mais próximas aos estados de Minas Gerais e São Paulo. Na Região Serrana, as notificações estão 14 vezes acima do esperado para o período. Na capital e na Baixada, o número é dez vezes maior.

As autoridades de saúde alertam que é preciso evitar a automedicação e procurar uma unidade de saúde assim que notar sintomas como febre alta, dor no corpo e nas articulações, dor atrás dos olhos, mal-estar, falta de apetite, dor de cabeça e manchas vermelhas no corpo.

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