O número de ocorrências de queimadas no estado do Rio registra aumento superior a 90% entre janeiro e setembro de 2024, na comparação com o mesmo período do ano passado. Dados do Corpo de Bombeiros mostram que, até esta sexta-feira (6), foram contabilizados quase 15 mil registros de fogo em vegetação em território fluminense.
Apesar de parte das ocorrências estar relacionada às mudanças climáticas, a ação humana é responsável por muitos dos casos de fogo em vegetação no estado. O procurador e professor da Universidade do Estado do Rio, Bruno Redondo, defende que o endurecimento das penas para os responsáveis por queimadas florestais é uma forma de coibir as ações criminosas:
A gente tem basicamente dois grandes focos de atuação. A gente fala da prevenção e da repressão. Então, a primeira questão seria uma conscientização da população de todos os malefícios que isso traz para o meio ambiente, para a sociedade, para a segurança, para a economia, para o turismo, para tudo. Também sobre uma maior fiscalização dos órgãos de controle, especialmente os ambientais. E na parte da repressão, hoje em dia está ganhando cada vez mais voz uma tese no sentido de que a legislação teria que ser endurecida, especialmente a lei penal. Então, já há projetos tramitando no Congresso Nacional para alterar leis federais, aumentando as penas máximas dos crimes
No início da semana, o Corpo de Bombeiros precisou usar um helicóptero para combater um incêndio em uma área de mata do Morro do Pão de Açúcar, na Zona Sul do Rio. Também na segunda-feira (2), o fogo devastou uma extensa área de restinga no Parque Estadual da Costa do Sol, em Cabo Frio, na Região dos Lagos.
O engenheiro florestal Celso Junius ressalta as graves consequências das queimadas florestais:
As consequências para a saúde são absurdas porque os incêndios florestais causam o lançamento de partículas no ar. Eles causam também a elevação da temperatura e a perda da biodiversidade. Então, são temas absurdamente ligados à questão das consequências da elevação das temperaturas, das mudanças climáticas
De janeiro até o dia 6 de setembro deste ano, foram registrados 14.500 casos de fogo em vegetação em áreas não protegidas, como terrenos baldios e espaços de vegetação em geral, frente a 7.550 no mesmo período de 2023. Já em áreas protegidas, como parques e reservas ambientais, foram 356 casos em 2024, 141 ocorrências a mais do que o registrado neste intervalo no ano passado.