A aproximação do inverno e das geadas no Sul do país pode ser um dificultador para a recuperação da produção de alimentos e causa preocupação nos produtores rurais, diante das enchentes enfrentadas pelo Rio Grande do Sul.
Além disso, a situação dos pequenos produtores e os impactos nos preços do setor das folhas, como alface, já começam a ser sentidos, segundo produtores rurais e especialistas ouvidos pela BandNews FM.
O produtor rural e economista José Giosa alerta que os pequenos produtores podem ser mais afetados por essa situação do Rio Grande do Sul. O estado, por exemplo, é o terceiro maior produtor de suínos do Brasil. Outra coisa que preocupa é a aproximação do inverno, que pode impactar na recuperação da agropecuária na região.
"E pro pequeno produtor, além do dinheiro, ele vai precisar de tecnologia, vai precisar de assistência técnica. Suínos, por exemplo, carne de suíno, provavelmente vai subir de preço. Não tem como não subir. Porque ainda não se mediu quantos animais foram perdidos. O estado é o terceiro maior produtor de suíno do Brasil. Na hora que a água abaixar, você vai ter que recuperar pasto. Aí precisa ver se vai chover na hora certa. Nós estamos entrando no inverno, então é a pior combinação. A água abaixa, vem a geada e acaba que sobrou."
O agricultor e presidente da Associação dos Produtores do Rio, Carlos Magalhães, afirmou que além dos pequenos produtores, os consumidores também vão começar a sentir os impactos do problema, principalmente nos preços dos alimentos.
"A parte da folhosa tinha caído muito o preço, a oferta tinha aumentado o preço, tinha abaixado muito, mas com essa procura aqui do Sul, já subiu. Hoje um pregado de alface que estava em torno dez, doze reais, já pulou para vinte. E a alface americana, que são doze pés no pregado, já foi para vinte e quatro reais, dois reais o pé. Então, pode ter certeza aí que nos próximos dias vai impactar a parte da folhosa. Tomate hoje já disparou de preço aqui no mercado. Já deu no mercado aqui de Nova Friburgo cento e vinte reais a caixa, com vinte quilos."
Diante da expectativa de impacto nos preços e na produção alimentícia, como no caso do arroz, o Governo Federal anunciou a importação do item, uma vez que o Rio Grande do Sul, afetado pelas chuvas, é responsável por 70% da produção de todo o produto consumido no Brasil.
Antes das chuvas, o IBGE estimava que a produção de cereais, leguminosas e oleaginosas do Rio Grande do Sul cresceria 46,4% neste ano, em relação ao ano passado, e passaria a responder por 13,3% do total nacional, encostando no estado do Paraná.
O estado também se destaca na pecuária. Em 2023, ocupou a terceira colocação entre aqueles que mais abateram frangos e suínos. Foi também o quarto maior produtor de ovos e o quinto entre os produtores de leite.
