Quinto candidato a participar de sabatina no Jornal BandNews Rio - 3ª Edição com o âncora Carlos Andreazza, Tarcísio Motta (PSOL) prometeu municipalizar e zerar a tarifa dos transportes públicos do Rio de Janeiro em sua gestão. O candidato também afirmou ser a favor do Estádio do Flamengo, no Gasômetro e disse ser contra a Guarda Municipal armada no município.
Questionado sobre o problema dos transportes públicos, Motta afirmou que vai começar o projeto da municipalização pelo sistema de barcas da Ilha do Governador, que vai ligar o bairro da Zona Norte ao Centro. Carlos Andreazza também perguntou sobre um projeto para o sistema do BRT. O candidato afirmou que a implementação de trilhos está correta nos corredores da Transcarioca e Transoeste, mas o modal é um paliativo.
A chave é a integração e o que eu estou falando aqui não é nenhuma novidade. Muita gente diz isso há muito tempo. Eu, na CPI dos ônibus falava muito disso também, na Câmara de Vereadores. Portanto, é preciso que aqueles modais de transporte que transportam menos gente levem as pessoas para os modais de maior capacidade. É obvio que o BRT transporta mais gente do que o ônibus comum, do que o ônibus regular, mas o BRT não é um transporte de alta capacidade. O problema da Transbrasil é que ele tem uma linha de BRT competindo com a linha do trem. Ao competir com a linha do trem, acontece o seguinte: o trem tem uma passagem mais cara, hoje ele é péssima qualidade e o passageiro começa a optar pelo BRT porque o BRT chega antes e vai chegar mais rápido. Com isso, você tira o passageiro do trem. Ao tirar o passageiro trem você dificulta o trem de sobreviver financeiramente e superlota o BRT. Então, qual é a questão? O BRT é um paliativo que não vai resolver o transporte público no Rio de Janeiro. Ele é um paliativo que pode dar certo se conseguir se integrar com os outros modais. Transformar outros corredores, não o da Transbrasil, e o colocar trilho está correto porque vai aumentar a capacidade da Transcarioca, vai aumentar a capacidade da Transoeste, mas na minha opinião se o prefeito dessa cidade não exercer o seu papel de autoridade metropolitana e cobrar a melhoria, inclusive investir na melhoria de trens e metrôs. Mais do que isso, melhoria nas barcas. Nós não vamos resolver o problema de transporte público no Rio. Mas eu quero dizer uma outra coisa aqui hoje, eu vou municipalizar a linha de barcas na Ilha do Governador para o Centro da cidade. É um elemento importante uma lógica metropolitana que a gente vai pegar aquela barca da Ribeira e vai tornar ela municipal e com tarifa zero. Ainda quero dizer mais do que isso, a linha de barcas da Ilha do Governador vai virar tarifa zero porque nós vamos municipalizar e nós vamos construir um caminho para chegar à tarifa zero do conjunto de transportes no Rio, começando com o final de semana. É o sextou carioca, a gente vai começar pelo domingo, o domingo é mais barato, a gente consegue modular como é que vai acontecer. Vamos chegar no sábado e na sexta. Mais do que isso esse projeto para nós vai estar articulado com entradas gratuitas em eventos culturais que a gente tiver parceria na cidade. Vai sobrar mais dinheiro no bolso do trabalhador, vai gerar economia, inclusive aumentar a arrecadação da prefeitura e isso é possível fazer com o que a prefeitura já bota no bolso da máfia dos ônibus, que essa máfia está recebendo cada vez mais no tal do subsídio no dinheiro público que vai para o bolso dos caras que controlam os ônibus no Rio de Janeiro. A gente vai romper com essa máfia. A gente precisa pegar a bilhetagem eletrônica e controlar, é preciso ter um controle público da bilhetagem eletrônica.
Já em relação ao armamento da Guarda Municipal, Tarcísio Motta afirmou que é contra a medida. Para a categoria, o candidato afirmou que é favorável ao plano de carreira para os agentes.
Nós somos favoráveis ao plano de carreira para Guarda Municipal, a garantia de escala de trabalho que seja condizente com o estresse e com o seu esforço e nós precisamos convocar os concursados da Guarda Municipal de 2012. Há um concurso com duas mil vagas para Guarda Municipal e ele chamou pouco mais de 500 guardas. É preciso que a gente recupere a Guarda Municipal garanta condições nas inspetorias. Falta condição para trabalho, falta uniforme, falta comida descente para os guardas, isso é um absurdo! E aí, já estou dizendo isso tudo para dizer, sobre armamento: sou contra. mais armas no Rio de Janeiro, há mais tiroteio, mais bala perdida, mais gente morta e o guarda vai virar alvo inclusive desse processo. Nem os guardas querem esse processo de armamento na Guarda nessa altura do campeonato, porque sabem que a estrutura do Rio sem coordenar a situação da segurança pública, sem o planejamento adequado, sem que a gente tenha tudo isso baseado em evidências, a Guarda Armada ela é um problema para a cidade do Rio de Janeiro.
Durante a entrevista, Carlos Andreazza também perguntou ao candidato sobre a municipalização dos hospitais federais. Tarcísio Motta afirmou que pretende fazer uma transição das organizações sociais para a gestão do controle público através da Fundação RioSaúde.
A forma como ele está municipalizado hoje está errada porque na verdade é mais uma questão eleitoreira que é um passo para a privatização desses hospitais. A população que está nos ouvindo agora não quer saber se o hospital é municipal, estadual ou federal, ela quer ser atendida. O prefeito é o gestor pleno do SUS. Ele tem que coordenar os leitos, os exames em todos os hospitais públicos e nos hospitais privados porque há convênio com o SUS dos hospitais privados sobre isso. Deve fazer com que o atendimento seja garantido. Isso significa cobrar que o Governo Federal faça os concursos públicos que precisem ser feitos, faça a gestão dos hospitais e num caso de municipalização, isso seja feito com planejamento com conhecimento da população, com conhecimento da sociedade, junto com os servidores que dedicaram a vida para aqueles hospitais. Não dessa forma, as vésperas das eleições com uma lógica de que o Eduardo vai pegar o hospital aqui e vai privatizar ali. O Eduardo Paes no lugar de municipalizar e privatizar o Hospital do Andaraí, devia estar preocupado em resolver os problemas do Salgado Filho. Eu tive lá por conta de uma situação de uma pessoa próxima da minha equipe e aí a quantidade de reclamações que eu ouvi do Salgado Filho, hospital municipal. falta de condições. A gente teve uma pessoa que morreu no elevador no Salgado Filho. Eu acho um absurdo que a prefeitura diga que vai pegar os hospitais federais quando não consegue nem resolver os problemas dos seus hospitais. Aí é preciso ser eficiente com o dinheiro público. O orçamento da saúde está crescendo e está indo para o ralo com as OS. Vamos fazer uma transição das OS pro controle público usando como forma de transição a Fundação RioSaúde.
Em relação ao projeto de construção do Estádio do Flamengo, no Gasômetro, Tarcísio afirmou que é a favor. No entanto, pontuou que não pode significar o abandono do Maracanã. Para o candidato, também é necessário um estudo de impacto na vizinhança e no trânsito para que o espaço seja implementado da maneira correta.
Flamengo merece ter o seu estádio. Nós podemos e precisamos ter um estádio para cada um dos quatro grandes clubes no Rio de Janeiro e pensar juntos o planejamento para o Maracanã, porque isso não pode significar o abandono do Maracanã no seu patrimônio histórico. Portanto precisa chamar os quatro clubes para conversar e o Estádio do Flamengo na minha opinião pode ser no Gasômetro, mas aí eu preciso ter o estudo de impacto na vizinhança, estudo de impacto no trânsito, impacto viário. Esses são grandes problemas. Flamengo quer construir um estacionamento. Está errado! O que você precisa é fazer a conexão entre as linhas de metrô e trem e o Terminal Gentileza com o estádio. Nenhuma arena esportiva do mundo moderna está baseada no transporte individual. Esse é um desafio, mas é um desafio que a gente vai ver junto com o conjunto da sociedade.
O âncora Carlos Andreazza também indagou Tarcísio Motta sobre um projeto para prevenção de enchentes, que atinge principalmente os bairros cortados pelo Rio Acari, na Zona Norte. Motta afirmou que é necessário uma política de habitação eficiente com aumento do Aluguel Social, além de obras de drenagem na região.
Eu fui presidente de uma CPI, tem um relatório grande com mais de 150 propostas para questão das enchentes no Rio de Janeiro. Em 2019, o Rio de Janeiro passou pelas chuvas inclusive cheias na bacia do Rio Acari, embora ali não estivessem concentradas as mortes naquela enchente, por conta disso e de um absurdo que era a não utilização dos recursos municiais para investir naquilo que precisava de prevenção. Nós abrimos uma CPI e eu fui presidente e esse relatório tem sido utilizado pelo Ministério Público. Ali a gente precisa de obras de drenagem, precisa de política de habitação. É um absurdo porque sem política de habitação a gente não resolve, não tira as pessoas do risco das chuvas. Eu acho um absurdo a pessoa sentir quando volta para casa, com o risco de perder a vida e perder a casa. Uma casa em Manguinhos em que era isso, a senhora falou comigo: prefiro ficar na rua com a minha filha porque na hora que chove eu tenho medo de morrer dentro de casa. A casa que é um lugar daquele abrigo nosso. Então é isso, um dos problemas que nós temos hoje é que para essas áreas centrais da questão, fundamentais da questão, das enchentes, seja no Jardim Maravilha, seja Acari, o que acontece é que o atual prefeito apresenta as obras, diz que veio dinheiro e depois as obras não acontece e o povo fica lá, esperando a obra, esperando, e com muito medo da chuva. Eu vou tornar a proteção socioambiental uma política de estado, nós vamos articular GeoRio, Rio-Águas, COR e Defesa Civil e garantir que esses órgãos tenham concurso público, estrutura para prevenir e por fim, ainda tem um elemento fundamental. Eu via entrevista do Eduardo aqui contigo, mas da parte dele ele ignora e pensa que o povo é bobo. Ele é prefeito pela terceira vez, e o aluguel social não sobe desde 2010. O imposto que todo mundo paga aqui é corrigido pelo IPCA todo ano e o aluguel social, aquilo que você dá para uma pessoa que perdeu a casa por causa de uma chuva não é reajustado, continua sendo R$ 400,00. É um descaso com as pessoas. As obras do Eduardo são todas obras eleitoreiras. Na véspera da eleição, no lugar da gente ter a prevenção que é o elemento fundamental adaptar a cidade as mudanças climáticas que já são uma realidade do presente.
A sabatina foi realizada ao vivo no jornal especial BandNews Rio - 3ª Edição, nesta segunda-feira (2). Os próximos candidatos a participar são Cyro Garcia (PSTU), em 6/9, Henrique Simonard (PCO), em 9/9, Marcelo Queiroz (Progressistas), em 13/9 e Juliete Pantoja (UP), em 16/9. Já participaram da entrevista Alexandre Ramagem (PL), Eduardo Paes (PSD), Rodrigo Amorim (União Brasil) e Carol Sponza (Partido Novo).