O controle territorial por organizações criminosas no estado do Rio de Janeiro foi materializado em um mapa interativo em um site de buscas. O levantamento publicado em por um usuário sem identificação mostra que a Zona Oeste da capital fluminense é controlada majoritariamente pela milícia, enquanto a Zona Norte concentra a maior parte do tráfico de drogas.
O material viralizou nas redes sociais e já teve mais de 1 milhão de visualizações no site de buscas. Além de mostrar a divisão territorial, o levantamento permite buscar o nome de uma região específica para saber qual é a organização criminosa que controla o local.
O estudo mapeou 508 regiões ocupadas pela milícia no estado do Rio. Por outro lado, 791 áreas são controladas pelo tráfico de drogas, a maioria pelo Comando Vermelho.
Segundo o professor de sociologia e coordenador do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense, Daniel Hirata, com a morte de Ecko e a prisão de Zinho, a milícia começa a se tornar mais vulnerável e organizações criminosas rivais entraram em confrontos para a retomada de territórios.
As disputas e negociações pelo controle territorial armado no Rio de Janeiro são muito dinâmicas, elas mudam constantemente e por isso é necessário estar atento ao mesmo tempo às conjunturas, mas também fazer uma análise de longa duração para que a gente possa entender os processos mais duradouros. Desse duplo ponto de vista, é importante dizer que nos últimos 15 anos, o grupo armado que mais expandiu seu controle sobre territórios e populações foram as milícias.
No mês passado, um mapa do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da UFF (GENI/UFF) e pelo Instituto Fogo Cruzado mostrou que o controle de grupos armados no território fluminense teve um crescimento de 105%, em 16 anos. No período, a milícia teve um aumento de 204,6%.
No entanto, atualmente, o Comando Vermelho controla a maior parte dos territórios. Os milicianos que lideravam a concentração de regiões em 2021 e 2022 foram ultrapassados pelos traficantes.
Entre 2022 e 2023, o Comando Vermelho foi o único grupo armado a avançar o domínio em territórios fluminenses.
Segundo o estudo, a retomada do Comando Vermelho foi impulsionada pelo crescimento na Baixada Fluminense e no Leste Metropolitano. Por outro lado, os milicianos perderam território na Baixada, seguida da capital fluminense, principalmente na Zona Oeste, reduto da organização criminosa, que concentra 83% do território.
Em nota, a Polícia Militar diz que possui uma Central de Inteligência que participa de investigação com a Polícia Civil para identificar articulações de grupos criminosos.